"O Presidente Sampaio tem razão quando diz que, depois de tantos anos a construir a Europa, haver o risco da sua fraqueza, da sua divisão, do seu esvaziamento por guerras entre países, por movimentos populistas, por situações de xenofobia, de demagogia, de fechamento, a Europa fechar-se, isso é muito grave", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
No seu entender, contudo, "em Portugal não há essa situação, há uma grande estabilidade no sistema de partidos", o que apontou como "situação única relativamente a muitos outros países europeus".
O Presidente da República falava aos jornalistas depois de ter inaugurado a sede da associação empresarial GS1 Portugal, em Lisboa, a propósito do ensaio de Jorge Sampaio publicado hoje no jornal Público com o título "A nova Europa dividida num contexto internacional de incertezas. E nós?" e o subtítulo "O mundo na era Trump".
Na intervenção que fez durante esta inauguração, o Presidente da República desviou-se do tema do seu discurso para falar deste ensaio e partilhar "uma nota" que disse ter-lhe ocorrido durante a manhã sobre os desafios atuais.
"Eu li um artigo lucidíssimo do Presidente Jorge Sampaio sobre a situação que vivemos em termos internacionais", começou por dizer Marcelo Rebelo de Sousa.
Segundo o chefe de Estado, no atual contexto "o primeiro grande desafio é não só não deixar morrer a Europa, mas dar força à Europa".
"Esse é um grande desafio para todos nós. Não é que não haja a vocação para o mundo, uma vocação universal, mas é diferente uma vocação universal com uma Europa partida, dividida, despedaçada, ou com uma Europa unida", prosseguiu.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se em seguida aos desafios nacionais, que defendeu serem pensar a médio prazo, combinar investimento com inovação e promover o diálogo social.
No entanto, reforçou a sua mensagem sobre o estado da Europa: "É neste momento importante na vida do mundo manter viva a Europa e melhorá-la e projetá-la no futuro".
No ensaio hoje publicado no jornal Público, que ocupa mais de cinco páginas, Jorge Sampaio refere-se ao resultado das presidenciais da semana passada nos Estados Unidos, que deram a vitória ao republicano Donald Trump, para advertir que é "impossível não olhar já para as eleições de 2017 em França e na Alemanha como próximas etapas prováveis desta corrida para o abismo".
Sampaio defende que, no atual contexto europeu e internacional, "reconstruir a confiança" constitui "um desafio grande, moroso, complexo, mas incontornável", e que é necessário um "resgate da democracia representativa na Europa".
"Não há economia, nem mercado, nem política, nem democracia sem esse cimento de base, a confiança. Não há paz duradoura se a desconfiança minar as relações entre comunidades, povos e nações, se o pacto social for rompido", alerta.
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