Marcelo Rebelo de Sousa e o antigo chefe de Estado António Ramalho Eanes estiveram hoje presentes na cerimónia de homenagem ao fundador do PS, professor universitário e vice-presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Mário Mesquita, que morreu na sexta-feira aos 72 anos, uma cerimónia no Palácio Foz, em Lisboa, que antecedeu o funeral.
Na sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu a vida de luta pela liberdade de Mário Mesquita, recordando que Ramalho Eanes, “reconhecendo esse papel, logo em 1981 o condecorou com a comenda da ordem do Infante D. Henrique”.
“Descobri ontem que 41 anos depois, 41 anos importantíssimos nessa luta e nessa paixão, não mais tinha havido a oportunidade de agradecer a Mário Mesquita o seu contributo a Portugal e por isso vou entregar à sua família a Ordem da Liberdade porque a sua vida foi uma constante, permanente, apaixonada luta pela liberdade”, anunciou no final do seu discurso, entregando depois as insígnias à filha.
A condecoração a título póstumo foi a de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.
O Presidente da República lembrou que conheceu Mário Mesquita “muito jovem, com uma esfusiante alegria de viver”, destacando como a sua “a sua vida foi sempre uma vida de paixão” e “como manteve do princípio ao fim da vida a luta pela liberdade”.
Os caminhos de Marcelo Rebelo de Sousa e de Mário Mesquita começaram a cruzar-se na Faculdade de Direito de Lisboa, onde foram “contemporâneos, embora não colegas”, tendo, anos mais tarde, o jornalista sido aluno nessa mesma instituição do agora chefe de Estado.
“Era de facto, atrás daquela fachada macambúzia, discreta, serena, defensiva tímida, era um apaixonado pelas causas que abraçava e era um colega e um amigo muito leal, muito presente e que adorava viver”, recordou.
Das memórias como seu aluno, Marcelo Rebelo de Sousa guarda uma prova oral que “terminou numa das provas orais mais interessantes e até mais divertidas” da sua vida porque ele conseguiu “transformar aquilo que conhecia sobre a matéria numa prova oral brilhante, muito brilhante”.
“Foi esse Mário Mesquita que reencontrei na Constituinte. Ele foi muito interveniente na Assembleia Constituinte e foi decisivo naquilo que a Constituição veio a consagrar em matéria de comunicação social”, afirmou.
Para o Presidente da República, “Mário Mesquita viveu a sua vida com paixão” e “obedecendo a uma ideia central” que foi “a luta pela liberdade”, lembrando que lutou pela liberdade contra a ditadura, contra a censura, durante a revolução, depois da revolução na institucionalização da democracia e na vivência da democracia, enquanto professor, enquanto pedagogo, enquanto formador.
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