Durante uma intervenção não planeada num painel sobre desinformação no G20 Social, Janja da Silva defendeu a regulamentação das redes sociais. Num momento de sua intervenção, assusta-se com um som e agacha-se.
"Acho que é o Elon Musk", disse. Ao levantar-se, completou: “Eu não tenho medo de si, inclusive... Fuck you, Elon Musk!”
Um vídeo curto da intervenção viralizou rapidamente na rede social X, e a hashtag "primeira-dama" tornou-se um dos assuntos mais comentados na plataforma.
Num comentário ao vídeo, publicado pelo portal Visegrad 24, Musk respondeu rindo: "Eles vão perder a próxima eleição".
A relação de Musk com o Brasil é marcada por controvérsias. Este ano, teve um embate com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em torno dos limites da liberdade de expressão e a regulamentação das redes sociais.
O X ficou suspenso por 40 dias no Brasil por ordem do STF devido à divulgação de informações falsas.
Musk também é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, que planea disputar as eleições de 2026, mesmo estando atualmente inelegível.
Por outro lado, Lula, crítico de Musk, celebrou na época a suspensão do X como uma medida justa contra notícias falsas e discursos de ódio.
Lula receberá nesta segunda e terça-feira os líderes das 20 maiores economias do mundo, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping.
Antes do G20, Lula defende "voz das ruas" sobre "voz dos mercados"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, este sábado, a prevalência da “voz das ruas” sobre “a voz dos mercados”, diante de centenas de ativistas de esquerda reunidos a dois dias da cimeira do G20 no Rio de Janeiro.
A cimeira do principal fórum internacional de cooperação económica ocorre num momento de alta tensão geopolítica, com os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia.
No encerramento do evento paralelo G20 Social, o ex-sindicalista de 79 anos instou a sociedade civil a "gritar" e "protestar" caso os líderes não cumpram os compromissos assumidos no G20, ou em qualquer fórum internacional.
“Podemos fazer a diferença, mas se enquanto dirigentes não assumirmos, vocês é que tem que fazer a diferença. Gritem, protestem, reivindiquem, porque senão as coisas não acontecem”, declarou.
Num enérgico discurso, o petista ressaltou que o “neoliberalismo agravou a desigualdade económica e política que hoje assola as democracias”.
“É preciso romper com a dissonância cada vez maior entre a voz dos mercados e a voz das ruas”, defendeu, a dois dias de receber, entre outros chefes de Estado, o argentino Javier Milei, um ultraliberal e grande aliado do americano Donald Trump.
Desde quinta-feira, milhares de indígenas, trabalhadores rurais, jovens de favelas, estudantes e ativistas LGBTQ+ participaram em grandes assembleias em hangars próximos ao porto do Rio, na região central da cidade.
No sábado, entregaram a Lula um documento com suas exigências para o G20, cujos Estados-membros representam 85% do PIB global e três quartos do comércio mundial.
No texto, urgem as lideranças do mundo a assumirem "compromissos ambiciosos" e "agir com determinação" para acabar com a fome e salvar o planeta face ao aquecimento global, taxar os super-ricos e regular a desinformação.
Esforços pelo clima
O documento pede também o combate às mudanças climáticas, “respeitando a ciência e os conhecimentos tradicionais dos nossos povos”.
Insta a substituir os combustíveis fósseis por uma economia de baixo carbono e impulsionar um fundo de preservação das florestas tropicais, uma proposta do Brasil que beneficiaria cerca de 80 países.
Enquanto as negociações avançam com dificuldade na COP29 em Baku, no Azerbaijão, Lula afirmou que 2025 será “a hora da Amazônia falar para o mundo”, altura em que o Brasil será a seda da próxima conferência das partes sobre mudanças climáticas.
“Os países ricos têm que ajudar a financiar a proteção da nossa floresta”, disse este sábado Lula, que procura posicionar-se como protagonista mundial na luta ambiental.
Anteriormente, o presidente reuniu-se com o secretário-geral da ONU, António Guterres, com quem teve uma reunião bilateral à margem do G20.
No encontro a portas fechadas no Forte de Copacabana, os dois reiteraram a necessidade de "aumentar a ambição para garantir o sucesso da COP29 e da COP30", indicou o porta-voz de Guterres num comunicado.
Também reforçaram o compromisso "com as emissões de carbono alinhadas com o limite de 1,5 °C" de temperatura global em relação aos níveis pré-industriais, o objetivo do Acordo de Paris.
Protesto pró-palestinos
Centenas de pessoas foram à orla de Copacabana este sábado em apoio aos palestinianos, numa manifestação vigiada por dezenas de policias e soldados, que foram deslocados para garantir a segurança dos líderes que chegam ao Rio de Janeiro.
"Estamos aqui para fazer um contraponto à cimeira do G20", disse Tania Arantes, de 60 anos, membro de um dos sindicatos que convocaram o protesto.
O conflito no Oriente Médio é um dos temas espinhosos que pode dificultar as negociações em busca de uma declaração comum nesta cimeira do G20. A guerra na Ucrânia, por exemplo, já gerou divisões entre os países em encontros recentes.
Os manifestantes, alguns com tradicionais lenços árabes, empunharam bandeiras palestinas e cartazes com reivindicações como o rompimento das relações Brasil-Israel e o fim do financiamento das ofensivas militares em Gaza e no Líbano pelos aliados de Israel.
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