Num ciclo político instável, não se antevendo que PS ou PSD venham a concretizar votos suficientes para formarem governo per si, é provável que voltem as "geringonças" nas próximas eleições, tanto à esquerda como à direita e por isso, segundo o jornal Expresso, o presidente poderá vir a viabilizar um governo aliado ao Chega, à semelhança do que aconteceu nos Açores.

"Se uma eventual vitória à direita precisar dos votos do Chega para fazer passar um Governo no Parlamento, Marcelo deverá ler a situação à luz do que aconteceu nos Açores (onde o apoio do partido de André Ventura foi essencial para viabilizar um Executivo PSD-CDS-PPM), e não deverá travar uma eventual viabilização de um Executivo nessas condições", escreve o semanário.

Em entrevista à SIC Notícias, nesta segunda-feira, o deputado do Chega disse que tinha o aval do presidente da República afirmando que o mesmo não lhe desmentiu essa hipótese.

"Não o fiz nos Açores, não o farei no Governo”, terá dito o presidente. “O que retirei destas palavras é que [Marcelo] não se oporá a um governo com o Chega ou liderado pelo Chega em que os portugueses votem. E assim é que é a democracia, as pessoas é que escolhem, não é o presidente”, afirmou Ventura na entrevista, citado pelo Expresso.

Entretanto, o presidente da República não quer comentar sobre o futuro político.

“Eu não comento nada do que foi dito sobre o passado recente nem nada do que será dito sobre o futuro próximo. Em relação ao passado recente, passou, passou, fechou-se um ciclo da história portuguesa”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, num hotel em Bissau, onde esteve com o primeiro-ministro, a participar na celebração oficial dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau.

“Tudo o que eu disser — entrámos num novo ciclo — vai ser considerado, no novo ciclo, como sendo uma tomada de posição favorável a A, B ou C. E neste novo ciclo o que se pretende do Presidente da República é que seja imparcial perante aqueles que vão disputar eleições, partidos, candidatos à chefia do Governo, tudo isso”, justificou.