Marcelo Rebelo de Sousa vai visitar a Croácia a convite da sua homóloga, Kolinda Grabar-Kitarović, com o objetivo de "estreitar os laços bilaterais, no ano em que se celebram 25 anos de relações diplomáticas entre Portugal e a Croácia", segundo uma nota divulgada pela Presidência da República.

Esta visita de Estado, concentrada na capital croata, será a primeira de um Presidente português à Croácia desde a sua independência em relação à antiga Jugoslávia, que foi declarada unilateralmente em 1991, após referendo, seguindo-se uma guerra que durou até 1995.

Marcelo Rebelo de Sousa desloca-se à Croácia num contexto de crise política naquele país dos Balcãs, em que o partido centrista Most (Ponte) abandonou a coligação governamental liderada pelos conservadores da União Democrática Croata (HDZ), na sequência da destituição de três dos seus ministros.

O chefe de Estado chega hoje à noite a Zagreb, mas só na quinta-feira inicia oficialmente a sua visita de Estado, durante a qual vai reunir-se com Kolinda Grabar-Kitarović, a primeira mulher a presidir à Croácia, e com o primeiro-ministro, Andrej Plenković, ambos provenientes do HDZ.

Marcelo Rebelo de Sousa terá um almoço de trabalho no parlamento e vai oferecer um concerto da fadista Cuca Roseta, no Museu de Arte Contemporânea de Zagreb.

O programa desta visita inclui ainda a inauguração de uma exposição de azulejos e um encontro com estudantes de português da Universidade de Zagreb, cidade onde vive cerca de um terço dos 80 portugueses registados na Croácia.

No comunicado sobre esta visita divulgado pela Presidência da República, a Croácia é apontada como "um bom exemplo do aproveitamento das oportunidades do mercado interno e da integração europeia", com quem Portugal tem "objetivos e desafios comuns" no quadro europeu.

"Os dois países partilham valores e princípios assentes na pertença comum à UE, Aliança Atlântica e Conselho da Europa", é referido na nota.

O Presidente da República será acompanhado pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Margarida Marques, e por uma delegação de quatro deputados à Assembleia da República: Sérgio Azevedo, do PSD, Porfírio Silva, do PS, Pedro Mota Soares, do CDS-PP, e Paulo Sá, do PCP.

Da comitiva fará também parte o presidente da Agência para o Investimento e o Comércio Externo de Portugal (AICEP), Luís Castro Henriques.

Em termos de comércio bilateral, em 2015, a Croácia foi o 92.º cliente das exportações portuguesas, com uma quota de 0,03%, e o 61.º fornecedor de Portugal, com uma quota de 0,08%, de acordo com dados da Agência para o Investimento e o Comércio Externo de Portugal (AICEP).

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), no ano passado, Portugal exportou para a Croácia produtos num valor total de 22,4 milhões de euros. Os principais grupos de exportação foram as pastas de madeira e outras matérias fibrosas celulósicas, papel ou cartão, seguindo-se os plásticos e borrachas.

Quanto às importações da Croácia, em 2016, atingiram um valor de 49,7 milhões de euros e os principais produtos importados foram as matérias têxteis, que representaram quase metade do total.

Destes dados, resulta um saldo negativo para Portugal de 27,3 milhões de euros, ligeiramente inferior aos 28,3 milhões de euros registados em 2015, ano em que as exportações para a Croácia foram de 16,9 milhões de euros e as importações de 45,2 milhões de euros.

Os dados disponíveis do primeiro trimestre deste ano indicam uma manutenção desta tendência, com importações no valor de 13,2 milhões e exportações de 6,7 milhões de euros.

O B.I de um país

Designação oficial: República da Croácia

Data da independência: 25 de junho de 1991

Sistema político: Democracia parlamentar

Superfície: 56,5 mil km2 (cerca de dois terços da superfície de Portugal)

População: 4,2 milhões (2015)

População estrangeira residente: Os sérvios são a maior comunidade estrangeira (4,36%, segundo o censo de 2011)

Língua oficial: Croata

Capital e sede do Governo: Zagreb

Presidente: Kolinda Grabar Kitarovic, a primeira mulher presidente da Croácia, eleita com o apoio do partido conservador União Democrática Croata (HDZ), para um mandato de cinco anos, assumiu funções em 19 de fevereiro de 2015.

Primeiro-ministro: Andrej Plenkovic, também do partido conservador HDZ, está em funções desde 19 de outubro de 2016, na sequência de eleições antecipadas.

Governo: O HDZ venceu com maioria relativa as eleições antecipadas de 11 de setembro de 2016 e formou uma coligação de governo com o partido centrista e católico Most, assegurando então o apoio de 91 deputados, num parlamento com 151 lugares, onde o Partido Social-Democrata da Croácia é a maior força da oposição.

Índice de Desenvolvimento Humano: 45.º lugar em 188 países (2016)

Religião predominante: Católica (86,28%, segundo o censo de 2011)

Moeda: Kuna croata (HRK), 1 EUR = 7,43183 HRK (maio 2017)

Produto Interno Bruto (PIB): 48,73 mil milhões de dólares (2015)

PIB per capita: 13.480 dólares (2014)

Taxa de desemprego: 11,3% (março de 2017)

Dívida pública: 85,1% do PIB (2014)

Fontes: Eurostat, Nações Unidas, Banco Mundial, Agência para o Investimento e o Comércio Externo de Portugal (AICEP), Embaixada de Portugal na Croácia, Censo croata de 2011.