“Há que distinguir duas coisas na saúde, uma é que os portugueses têm direito à greve, ponto final parágrafo, outra é que ainda por cima estamos em vésperas de elaboração de um Orçamento do Estado, portanto, como noutros anos é natural que os vários setores que têm ligação, nomeadamente à atividade pública e ao Orçamento do Estado queiram defender os seus interesses a pensar no Orçamento para o ano que vem”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, durante a inauguração do Mercado Temporário do Bolhão, no Porto.

A paralisação nacional dos trabalhadores da saúde começou hoje às 00:00 e prolonga-se até às 24:00 de quinta-feira.

No dia 25 deste mês, os trabalhadores do setor da saúde voltam a cumprir um dia de greve, uma paralisação marcada pelos sindicatos afetos à CGTP-IN.

Já na próxima semana, são os sindicatos médicos que têm uma greve de três dias agendada, para dias 08, 09 e 10.

O chefe de Estado disse esperar que venha a existir um debate na base de um relatório que está a ser preparado por uma comissão presidida por Maria de Belém Roseira, antiga ministra da Saúde, sobre o futuro da saúde em Portugal e que deverá ser entregue em setembro.

“Há uma coisa que é o debate em torno do orçamento do ano que vem, que normalmente ocorre antes e depois do verão, e, nesse momento, há uma maior intensidade nas reivindicações relativas à situação económico-financeira dos vários setores, outra coisa é que saúde queremos para Portugal no futuro e, esse, é um debate a fazer”, referiu.

Questionado pelos jornalistas sobre se a revisão do défice em baixa não poderá ‘minar’ o investimento no Sistema Nacional de Saúde (SNS), o Presidente da República recordou que vai ser conhecida hoje a primeira proposta da Comissão Europeia sobre os fundos para além de 2020.

“Isso é uma peça fundamental no debate sobre o Orçamento do Estado, o défice é sobre o futuro das finanças portuguesas, os fundos têm muita importância para Portugal, vamos esperar para ver se estamos num ponto de partido bom ou mau”, frisou.

E acrescentou: “a diferença e só esta, um ponto de partida bom é um ponto de partida que significa, apesar de outros fatores preocupantes na economia europeia e mundial, que as pessoas podem olhar com sensação de maior folga financeira, já um ponto de partida mau ou menos bom significa que tem de olhar para as finanças púbicas e privadas com maior preocupação”.