Numa visita à Casa de Saúde da Idanha — onde esteve acompanhado pela secretária de Estado da Saúde, Margarida Tavares, e pelo presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta — Marcelo Rebelo de Sousa percorreu as unidades especializadas de neuroestimulação nas demências e de cuidados paliativos, antes de inaugurar a nova unidade de psiquiatria de intervenção do estabelecimento.
Depois, num auditório repleto de pacientes e de funcionários do estabelecimento, o chefe de Estado ouviu os apelos deixados pela presidente das Irmãs Hospitaleiras, a irmã Sílvia Moreira, a qual sublinhou que a sua instituição vive “momentos particularmente difíceis de sustentabilidade, pelo crescente desfasamento entre o valor da diária assumida pelo SNS para o internamento de psiquiatria e os custos reais dos cuidados prestados”.
“Não queríamos deixar de apelar ao senhor Presidente, acreditando que a sua intervenção terá certamente um papel fundamental na concretização de medidas efetivas e decisões políticas que garantam e promovam a sustentabilidade das organizações, e a consolidação da sua intervenção, como complementares na resposta às pessoas com doença mental”, apelou.
Discursando pouco depois, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu à secretária de Estado da Promoção da Saúde por o ter acompanhado na visita – que não constava na agenda pública do Presidente – sublinhando que a sua presença “quer dizer que o Governo de Portugal compreende a importância de instituições como esta”.
“A sua presença, senhora secretária de Estado, significa que o Governo sabe como isto é importante, e sabe como é difícil, sobretudo em tempos de crise, garantir o apoio que é merecido por estas instituições. Mas não pode esquecê-las, nunca”, frisou.
Respondendo ao apelo deixado pela irmã Sílvia Moreira, o chefe de Estado garantiu que irá estar “sempre alerta” à situação destas instituições.
“Contam com o Presidente da República permanentemente, junto do Governo e das autarquias, para lembrar ‘olhem que o custo de vida está a subir, olhem que a eletricidade está a subir e mais o gás (…), não é possível tudo, não é possível o ideal, mas tem que se fazer por melhorar as condições. Não se esqueçam'”, garantiu.
Diante de uma plateia cheia de funcionários e de pacientes da Casa de Saúde da Idanha, o Presidente defendeu que “o Estado, só por si, mesmo as autarquias, só por si, não conseguiriam” assegurar o “acesso à saúde, à educação, à solidariedade social, ao apoio” a “tantos milhares de portugueses”.
“É preciso estar próximo, e estar próximo é mesmo estar próximo das pessoas: só estas instituições é que podem estar próximas. (…) Não há máquina do Estado, ou máquina de câmaras, ou máquina de juntas de freguesia, que possa chegar tão perto das pessoas”, defendeu.
Agradecendo assim aos funcionários pelo trabalho que desempenham, Marcelo prometeu que, quando terminar o seu mandato — “daqui a menos de três anos e meio” –, irá “dar uma ajudinha” na unidade de cuidados paliativos da Casa de Saúde da Idanha.
“Daqui a uns aninhos, poucos, eu estarei aqui mais do que de vez em quando. Virei cá ajudar as Irmãs Hospitaleiras. Não posso ser irmã hospitaleira — porque não é essa a minha vocação, como compreendem -, ficarei quase um irmão hospitaleiro. E cá virei, que é uma maneira de vos agradecer”, prometeu, perante os aplausos, de pé, do auditório.
Antes, durante a visita às unidades de neuroestimulação das demências e de cuidados paliativos, Marcelo Rebelo de Sousa trocou palavras, abraços e beijinhos com vários pacientes e auxiliares, tendo também assistido e experimentado alguns dos jogos terapêuticos que são utilizados para estimular as pessoas com demência.
Num desses jogos, que consistia em, através de uma mão virtual, eliminar folhas de outono, Marcelo Rebelo de Sousa ironizou quando uma auxiliar lhe disse que só podia destruir as folhas de outono e não os restantes objetos que iam aparecendo na imagem.
“Eu não posso destruir tudo, senão estou a destruir o sistema: a minha função é equilibrar o sistema. [Aqui] parece que estou a dissolver a Assembleia”, respondeu, provocando risos das pessoas que o estavam a acompanhar.
Mais tarde, perante um paciente que era pouco mais velho do que ele — Marcelo Rebelo de Sousa tem 73 anos –, o Presidente da República disse-lhe que estava “melhor” do que ele próprio.
“Sabe porquê? Porque não se meteu na política”, afirmou, suscitando novamente gargalhadas.
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