"Quem exerce o direito à greve exerce um direito constitucional, legítimo e pensa que deve ter o maior eco possível para fazer vingar os seus pontos de vista. Mas deve medir se nesse eco não há uma reação da sociedade, pelos milhares de pessoas afetadas, sobretudo crianças" e se esse eco "não começa a ser de alguma maneira negativo", disse Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém, em Lisboa.
O Presidente da República falava aos jornalistas - questionado sobre as greves que têm sido marcadas por trabalhadores em vários setores, sobretudo na saúde - no final de mais um encontro da iniciativa "Jornalistas no Palácio", que promove o diálogo entre estudantes e profissionais dos media portugueses.
"Essa ponderação é preciso [fazê-la] a cada momento, sabendo julgar se um processo muito longo, muito intenso e que atinge muita gente, é um processo que é compreendido facilmente pela sociedade portuguesa, ou não é. Essa ponderação tem de ser feita", disse Marcelo Rebelo de Sousa.
No entender do Presidente da República, há uma conjugação de fatores que explica a situação de contestação: "Há um direito em democracia e que tem de ser respeitado, sabemos que acabou a votação do Orçamento e começou há muito tempo o período eleitoral".
Questionado pela Lusa se os eleitores portugueses devem já ponderar em quem votar nos próximos atos eleitorais, Marcelo Rebelo de Sousa disse que "o período eleitoral começou cedo demais".
"Estamos em pré-campanha eleitoral em muitos aspetos. Há tempo, nos próximos cinco meses, para os portugueses fazerem as primeiras escolhas. É um tempo de grandes escolhas. Aquilo que for decidido vai determinar largamente o futuro dos portugueses e de Portugal durante anos, mas há tempo para fazer esse debate eleitoral", disse.
Sobre o diferendo entre o Governo e a Liga dos Bombeiros Portugueses, o Presidente da República apelou a uma conjugação de esforços em nome da segurança dos portugueses.
"A ideia é que conjuguem os seus esforços. Não é de que haja uma situação em que aquilo que é dito em público, de parte a parte, em vez de criar clima para o diálogo, dificulte o clima para o diálogo. Está a tentar reformar-se o sistema de Proteção Civil. Quanto mais depressa houver diálogo, bom senso, pontos de entendimento, conjugação de esforços, melhor para todos", disse.
Marcelo Rebelo de Sousa participou no último encontro entre profissionais dos media com estudantes portugueses, que contou com a presença da jornalista Mafalda Anjos, diretora da revista Visão, e de alunos de escolas do Barreiro, da Figueira da Foz e de Lagoa.
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