Na sua intervenção na cerimónia do 25 de Abril, Marcelo Rebelo de Sousa não deixou de aludir àqueles "que nunca quiseram" Abril a quem disse "que o tempo não volta atrás", usando o seu exemplo para dizer que a "realidade era outra", nomeadamente em relação aquilo que os saudosistas desse período tentam fazer crer.

O também constitucionalista Marcelo Rebelo de Sousa lembrou as alterações constitucionais feitas em democracia, onde houve sempre quem perdesse e quem ganhasse, e também os vários nomes que ajudaram a construir a democracia portuguesa pós-25 de abril, de Álvaro Cunhal a Mário Soares, de Vasco Gonçalves a Sá Carneiro, de Otelo Saraiva de Carvalho a Diogo Freitas do Amaral.

O discurso do presidente focou-se na pluralidade de pensamento em democracia, e da vitória e derrota das diferentes visões vigentes em cada altura.

Depois, falar de liberdade e de democracia, que dão "esperança na mudança", por contraponto à ditadura:"em ditadura, ou se está pela ditadura" ou se luta para "derrubar a ditadura", ao passo que em democracia, afirmou o Presidente, "há sempre caminhos diferentes".

Marcelo elogiou depois o povo português, que tem sabido manter ou mudar os seus representantes, respeitando a democracia com "bom senso e educação", para depois falar de Lula da Silva, "legitimado pelo voto do povo brasileiro" e cuja vinda  vinda celebra também os 523 anos de independência do Brasil (a 22 de abril), que foi o "pioneiro da descolonização" que aconteceu em Portugal a 25 de abril de 1974 e que, segundo Marcelo, foi o principal impulsionador da revolução promovida pelos capitães de abril.

"Viver em democracia", disse Marcelo, e celebrá-la, é também reconhecer aquilo que Portugal fez de mal, para depois referir os períodos de escravatura, o colonialismo e o tempo em que "andámos deslumbrados com o oriente".

Falando da CPLP e da diáspora, por um lado, e por outro dos imigrantes que "constroem Portugal, contribuem para a Segurança Social, dando força ao nosso desígnio nacional", Marcelo recordou também o avô, que tem a história "de milhares de portugueses", que fugiu da pobreza primeiro para o Brasil, depois para Angola. E usou o seu exemplo de família com dupla nacionalidade, para questionar como é que uma pátria de emigrantes, pode ser egoísta com os imigrantes de hoje.

O Presidente da República acrescentou que espera que este seja o momento da "evocação da democracia", da liberdade e da paz, com os seus altos e baixos, sucessos e fracassos e terminou, dirigindo-se ao povo que continua a escolher o 25 de abril, mesmo sabendo que ele não é perfeito e está em constante construção.

No final do discurso ouviu-se o hino nacional, seguindo-se "Grândola Vila Morena", canção emblemática de Zeca Afonso e um dos símbolos da revolução de Abril.