Durante a primeira Festa do Livro de Belém, a propósito dos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), Marcelo Rebelo de Sousa afirmou: "Estes números dão para manter o défice em 2,5% tal como ele é calculado pela União Europeia? Eu acho que sim. Se tudo estivesse até ao fim do ano como está agora, eu acho que chegamos ao défice de 2,5% do PIB no final do ano".
Questionado pela comunicação social se não considera arriscado o caminho económico do Governo, o chefe de Estado respondeu: "Eu acho que todos os caminhos são arriscados. Mas só no final do ano é que nós, em rigor, poderemos saber se este caminho teve o sucesso que o Governo esperava ou não".
O Presidente da República disse que neste momento a balança de pagamentos e a balança comercial estão "a correr bem", mas "as exportações e o investimento estão aquém do que se tinha previsto" e "o consumo interno está aquém daquilo que o Governo esperava".
"Vamos ver qual é o balanço do ano. No final do ano é que nós poderemos dizer se [o crescimento] fica muito muito longe de 1,4%, que já é uma meta revista pela Comissão Europeia, quão longe se fica. E, sobretudo, a grande prioridade, além do equilíbrio da balança de pagamentos, que é o equilíbrio no Orçamento, se é atingida ou não", prosseguiu.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "se se atingir na balança de pagamentos, se se atingir no défice, o Governo atinge dois terços daquilo que prometeu".
"Resta saber se atinge o outro terço, que é o crescimento da economia", acrescentou.
Quanto ao crescimento económico, o Presidente salientou que o INE reviu em alta o valor do segundo trimestre, para 0,3% face ao trimestre anterior e 0,9% face a período homólogo do ano passado. "Melhor notícia do que aquela que tínhamos tido há 15 dias", observou.
No seu entender, "se os indicadores que entretanto existem de aumento de atividade económica se confirmarem", no final do ano o crescimento pode situar-se "no 1% ou acima de 1%, portanto, mais perto de 1,4%, que é o que diz a Comissão Europeia".
"Eu disse na ocasião, e mantenho, que entre 1% e 1,4% é mais realista do que 1,8% que se falou no início do ano", referiu.
Ainda a propósito da evolução da economia, o chefe de Estado apontou como "um fator um pouco estranho nas contas" o facto de o emprego aparecer "a subir mais do que aquilo que os números do PIB mostram".
"Aqui, de duas uma, ou afinal o emprego não está a subir tanto quanto isso e os números não são verosímeis, ou está mesmo a subir e então isso quer dizer que o PIB pode subir para além daquilo que parecia", considerou, acrescentando: "Vamos ver".
Nestas declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa destacou a última emissão de dívida pública, considerando que "correu francamente bem" e demonstra "que da parte dos mercados financeiros há aqui uma reação mais favorável do que nos últimos meses".
"Agora, continuo a dizer que é preciso uma grande contenção orçamental, é preciso que se confirme esta sensação que temos com o turismo de que o terceiro trimestre foi mais positivo economicamente do que o primeiro e do que o segundo. Vamos esperar", aconselhou.
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