"Cá fora não está frio nenhum. No momento em que mergulhámos irrompeu o sol e parou a chuva", disse o chefe de Estado depois de um banho de menos de 10 minutos numa água a "17 graus, 17 graus e meio", temperatura superior à de Cascais, onde Marcelo Rebelo de Sousa costuma tomar banho.

O Presidente contou ainda: “Os Açores dão-me muita sorte".

A acompanhar o chefe de Estado na incursão ao mar esteve um elemento da segurança, mas também algumas figuras do Corvo, nomeadamente o carteiro da ilha.

Antes, o Presidente da República esteve na primeira missa do ano assinalada no Corvo, ilha mais pequena dos Açores que foi escolhida por Marcelo para passar o ano.

A partir da ilha do grupo ocidental dos Açores, o chefe de Estado desejou um 2020 “de esperança”, com um “Governo forte, concretizador e dialogante”, uma “oposição forte e alternativa” e pediu que se concentrem esforços “na saúde, na segurança, na coesão e inclusão”.

O elogio aos açorianos e a evocação a quem nasceu nos "Portugais" que "menos têm"

O Presidente da República confessou a sua “admiração” pelos corvinos e açorianos e evocou os que “mais longe estão” não só em distância, mas que nasceram nos “Portugais” que “menos têm”.

Na mensagem de Ano Novo, Marcelo admitiu que “começar o ano num dos pontos mais longínquos no território físico” de Portugal, “na ilha do Corvo, é uma sensação única feita de admiração pela gesta açoriana”.

“De orgulho de ser português e de compromisso para com os que mais longe estão de tantos de nós”, afirmou, antes de confessar a “admiração pelo povo corvino, pelo povo açoriano, pela Região Autónoma dos Açores, orgulho em que se misturam o oceano sem fim, a coragem dos que tudo resistem para poderem ficar”.

Os corvinos podem estar longe de Lisboa – são cerca de 450 pessoas a viver na ilha –, mas o Presidente partiu do seu exemplo para “abraçar” e lembrar os portugueses que estão “longe”, seja por que emigraram, sejam os militares em missões de paz e humanitárias ou ainda os ex-combatentes da guerra colonial.

E depois recordou os outros que vivem “longe” do bem-estar ou do sucesso.

“Longe porque vivem em pobreza ou em risco dela, e ainda são quase um em cada cinco portugueses [que] ou sofrem desigualdades e abusos por serem mulheres, por serem crianças e jovens, por serem idosos, por serem portadores de deficiência, por serem diferentes, por viverem excluídos na escola, na saúde, na comunicação”, exemplificou.

“Longe porque nasceram em ‘Portugais’ cá dentro que menos têm, menos fixam, menos são sinal de futuro”, acrescentou.

Já no final da mensagem, de pouco mais de oito minutos, Marcelo voltou ao elogio aos açorianos e aos corvinos e das razões para acreditar em Portugal, recordando o sismo de há 40 anos que afetou as ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa, “sendo um teste à vontade de tantos e tão abnegados”.

Essa convicção no país tem, afirmou, um significado diferente a partir do Corvo: “Dito aqui tem uma força muito maior e muito mais profunda.”