Acompanhado pelo presidente da Câmara Municipal de Mafra, Hélder Sousa Silva, Marcelo Rebelo de Sousa andou quase sempre de máscara e quando abordado com pedidos de beijos ou abraços procurou evitar o contacto físico para prevenir a propagação da covid-19, abrindo exceção para cumprimentos cotovelo com cotovelo.
"Ó senhora Fernanda, eu só não a abraço porque senão mato-a", justificou-se o chefe de Estado, na Praça da República, perante "a peixeira mais antiga" da vila, como a apresentou Hélder Sousa Silva, enquanto esta gritava que "a Ericeira é linda".
Dirigindo-se para outra mulher que se aproximou para o beijar, Marcelo Rebelo de Sousa advertiu: "Não podemos, não podemos". A mulher desculpou-se dizendo: "Pensei que já pudéssemos".
No mercado municipal, onde fez sucessivas "compras rápidas e incisivas", de pão, frutos secos, legumes e peixe, com paragens em praticamente todas as bancas, o Presidente da República retomou as 'selfies', embora com maior distanciamento, comentando: "É a nova modalidade de 'selfies', é a 'selfie' do vírus, da pandemia".
Uma das fotografias foi mais simbólica, com uma mulher de uma família cigana da Ericeira, que afirmou ter feito esse pedido "contra o racismo", acrescentando: "Aqui na Ericeira não há racismo, graças a Deus, aqui todos somos estimados por todos. Obrigada, senhor Presidente".
A mulher contou ao chefe de Estado que tem um filho cientista e Marcelo Rebelo de Sousa assinalou depois que já há "para lá de uma centena de mulheres, mas também há muitos homens, com posições como o filho desta senhora, quadros de investigação", o que considerou "muito bom sinal".
Mais à frente, uma vendedora lamentou não poder dar-lhe um beijinho, e o Presidente da República retorquiu: "E eu? E abraçar esse corpinho? Eu vou tirar uma 'selfie', ponham-se aí atrás".
"Na próxima vez beijo-a", prometeu.
Do mercado, Marcelo Rebelo de Sousa foi a pé até junto da Praia dos Pescadores e no caminho pôs-se na fila para os pastéis de nata do "Pãozinho das Marias", exemplificando a seguir perante uma pequena multidão "como se come com máscara".
"Primeiro desinfeta-se e agora come-se com máscara, vai-se buscar o pastel, seca-se a mão, tira-se o pastelzinho - por acaso é dos que eu gosto, queimadinhos - e agora observem", declarou, levantando ligeiramente a máscara para colocar o doce na boca.
Junto à praia, à frente da "Tasquinha do Joy", o Presidente da República teve um pequeno descuido nas regras sanitárias ao aceitar um copo de cerveja com o qual brindou com um grupo de motociclistas vindos de Cascais, para logo depois exclamar: "Não é permitido ainda fazer isto".
"É só desta vez, senhor Presidente", responderam-lhe.
No final desta visita, Marcelo Rebelo de Sousa confidenciou ao presidente da Câmara Municipal de Mafra que está com saudades de nadar e que teve entretanto "uma ideia maluca" para o dia 06 de junho, em que as praias deverão reabrir.
"Eu mergulho primeiro em Cascais e vinha à Ericeira mais ou menos pela hora do almoço dar um mergulho e depois almoçávamos. Digamos que é troca por troca: eu dou o mergulho e dão-me o almoço", propôs. Hélder Sousa Silva aceitou de imediato: "Está feita a troca".
O Presidente da República adiantou que está a pensar, "nesse dia, se tiver bom tempo, ir mergulhar logo a seguir à meia-noite, na primeira hora do dia", em Cascais, para evitar ajuntamentos.
E para o verão já pensou "num esquema com pescadores amigos", que é alugar-lhes um barco a remos para ir nadar mais longe do areal.
Questionado pelos jornalistas se se imagina a fazer campanha de máscara e sem poder contactar de perto com as pessoas, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que a campanha para as presidenciais de 2021 estará "em décimo lugar" na lista de preocupações dos portugueses, ainda sem dar como certa a sua recandidatura.
"Eu não sei ainda se serei candidato, decidirei oportunamente", disse.
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