Em declarações à agência Lusa, João Camargo, do movimento Climáximo, uma das entidades organizadoras, defendeu que o ambiente é “de longe a pior área onde o Governo está a atuar”, apontando que “tem tomado decisões erradas consecutivamente”.
“Permitir Almaraz é mais um sinal de subserviência total perante um Governo espanhol que é totalmente cego aos problemas desta central”, criticou.
Por outro lado, mostrou-se satisfeito com a adesão à iniciativa, apontando para a presença de “perto de mil pessoas”, às quais se terão juntado “centenas mais” em Aljezur e no Porto, onde decorreram iniciativas paralelas.
“Temos um sinal que é dado repetidamente a este Governo, que de facto este tema é bastante central para muita gente, que não será largado, nem abandonado e que tem muita gente que garantirá que ele estará na primeira linha”, sublinhou João Camargo.
Por outro lado, o ambientalista destacou que em Portugal há outra questão muito concreta, que é a exploração de petróleo e de gás, salientando os “pequenos avanços” conseguidos com o cancelamento de seis das quinze concessões que tinham sido atribuídas.
“Hoje estamos na rua em Lisboa, no Porto e em Aljezur para dizer que não há nenhuma maneira de garantir a segurança daquele furo e de certeza que não há nenhuma maneira de combater as alterações climáticas mantendo uma possibilidade de haver inicio e entrada à produção de combustíveis fósseis no nosso país”, defendeu.
Deixou a garantia de que não sairão da rua e que voltarão a estar todas as vezes que forem necessárias até garantir que essa exploração é terminada.
Presente nesta marcha, o antigo líder do Bloco de Esquerda Francisco Louçã justificou a sua presença com o facto de as alterações climáticas estarem a tornar-se num dos “grandes problemas democráticos” da humanidade, culpando o Presidente norte-americano, Donald Trump, por tornar mais perigoso o mundo atual.
“A ideia de uma democracia planetária, de uma cooperação climática é muito importante para a nossa vida como humanidade”, defendeu, acrescentando que essas são ideias que têm sido postas em causa desde a industrialização desregulada.
Já Heloísa Apolónia, deputada do Partido ‘Os Verdes’, defendeu que a Marcha do Clima deve ser argumento para por de lado as “soluções insustentáveis”, exigindo o encerramento da central nuclear de Almaraz, em Espanha, que “constitui um perigo” para Portugal.
“Há fundamentalmente duas fontes de energia que temos de por de parte: aquelas que têm como origem os combustíveis fósseis e também energia nuclear”, apontou.
O deputado do PAN – Pessoas-Animais-Natureza, André Silva, além de criticar a exploração petrolífera ou a central de Almaraz, aproveitou para chamar a atenção para outro problema ambiental em Portugal, “um problema tabu”, que é a produção animal, a pecuária intensiva, que apontou como “um dos principais contribuintes para a emissão de gases com efeito de estufa”.
Defendeu, nessa matéria, que o Governo retire os apoios financeiros, fiscais e institucionais, defendendo formas de produção mais sustentáveis, como a agricultura biológica.
“Que os custos ambientais sejam internalizados nos preços desses produtos porque hoje em dia as pessoas sabem e conhecem o preço de tudo, mas não sabem o custo de nada e quando olhamos para o custo destes produtos de origem animal, não têm nestes custos e nestes preços inseridos os elevados impactos ambientais”, apontou André Silva.
A Marcha pelo Clima tem como base internacional a capital dos Estados Unidos, Washington, tendo como pano de fundo a condenação das políticas do Presidente norte-americano, Donald Trump, que desvalorizam a defesa do clima.
Em Portugal, o tema escolhido é a reivindicação da travagem da prospeção de petróleo e gás na costa de Aljezur e do fim dos contratos para exploração de hidrocarbonetos no país.
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