"A Câmara Municipal do Porto quer empurrar-nos para a invisibilidade", lê-se num comunicado da Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho do Porto (COMOP), que anuncia o lançamento hoje de uma petição online intitulada "Contra a invisibilidade, queremos festa no centro da cidade".
Constituída por 21 coletivos e associações, a COMOP conta que dirigiu à Câmara do Porto, há três meses, dois pedidos de apoio para concretizar um arraial popular e associativo no final da 18ª Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto.
"Um pedido de estruturas, licenças e requisição do espaço Largo Amor de Perdição e um pedido de 10 mil euros para gastos de produção", lê-se na petição.
O pedido financeiro "foi negado" e a realização da iniciativa foi remetida para a Alameda das Fontainhas.
Após a ausência de resposta durante três meses e a recusa ao apoio financeiro, ativistas da COMOP desenvolveram iniciativas para angariação de fundos para o arraial na Alameda das Fontainhas, mas no dia 19 de junho a Ágora - Cultura e Desporto do Porto, entidade da autarquia, comunicou a realização da iniciativa no parque do Covelo.
A justificação apresentada para "analisar a realização da iniciativa no Parque Municipal do Covelo" foi a "quantidade de iniciativas" previstas para a cidade no mesmo fim de semana, segundo a mesma fonte.
A Comissão organizadora assume que a Quinta do Covelo "não reúne as condições" para albergar o evento por apresentar "limitações ao acesso para pessoas com mobilidade reduzida" e porque a manifestação acontece no centro da cidade e tem de terminar no arraial, que será palco de leitura de manifestos e de outras intervenções associativas.
"É com muito espanto e tristeza que recebemos esta notícia, uma vez que toda a negociação para a concretização deste arraial associativo estava completamente alinhada em todos os nossos contactos e reuniões, reforçando assim a inviabilidade desta proposta", declara a comissão da MOP.
Com o lema "queremos visibilidade e abrir o armário da cidade", a comissão organizadora da marcha recorda que tem um programa agendado com artistas da comunidade LGBTQIA+, compromissos com fornecedores de som, luz, bebidas, materiais de produção e logística.
"Esta decisão põe em risco não só a realização do evento, mas também os nossos compromissos com fornecedores, artistas, públicos, bem como a nossa gestão financeira totalmente comparticipada pela comunidade da cidade do Porto. Além disso, o valor arrecadado com as vendas do arraial contribui para dar resposta às dezenas de pedidos de apoio social que anualmente chegam aos nossos coletivos e associações", refere.
A Lusa contactou a Câmara do Porto, mas até ao momento não foi possível obter uma resposta.
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