O “corredor” foi aberto no quadro de uma “pausa humanitária” diária de cinco horas decretada pela Rússia e que entrou terça-feira em vigor para permitir o encaminhamento de ajuda alimentar e medicamentosa ao enclave, alvo de uma campanha aérea por parte das forças do regime de Bashar al-Assad que já provocou a morte de mais de 600 civis desde 18 de fevereiro.
Quarta-feira, uma fonte militar e outra do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) indicaram que nenhum civil ou comboio humanitário atravessou o setor de Al-Wafidine para sair do enclave rebelde próximo de Damasco.
Hoje, porém, fontes do Crescente Vermelho sírio e do observatório adiantaram que um casal paquistanês, de idade avançada, foram os primeiros civis a serem retirados do enclave através do “corredor”.
“[A retirada] enquadra-se no nosso dever humanitário”, disse a fonte do Crescente Vermelho sírio, encarregada da operação.
Por seu lado, Mohamed Allouche, dirigente da Jaich al-Islam, uma das principais fações rebeldes que controlam Ghouta Oriental, confirmou na conta do Twitter a saída do casal paquistanês.
“Foi a única saída que ocorreu” desde a entrada em vigor da “pausa humanitária”, disse à agência noticiosa France Presse (AFP) Rami Rahmane, diretor do observatório sírio, instituição que congrega uma vasta rede de fontes em todo o país, no terreno há sete anos.
No entanto, segundo Rahmane, a retirada do casal paquistanês não está ligada à trégua russa, sendo o resultado de negociações que decorrem há muito tempo mediadas pela embaixada do Paquistão.
Em breves declarações à AFP, ainda em Douma e antes de ser transferido para Damasco com Saghran Bibi, a mulher, Mohamad Fadl Akram, 73 anos, afirmou residir na Síria desde 1974.
O cidadão paquistanês lamentou ter deixado para trás os dois filhos e três filhas, bem como 12 crianças que residiam com o casal.
“O Estado [sírio] não deu autorização. Que Deus os proteja”, desabafou.
O enclave rebelde de Ghouta oriental está desde 2013 sob um cerco das forças leais a al-Assad e os cerca de 400 mil habitantes são vitimas diariamente, além dos bombardeamentos, de falta de alimentos e de medicamentos.
Desencadeado a 15 de março de 2011 na sequência da repressão de manifestações pacíficas pró-democracia, o conflito na Síria, que se estende a ouras regiões, já causou mais de 340.000 mortos, bem como milhões de deslocados e refugiados.
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