Segundo adiantou aos jornalistas à saída do tribunal o advogado do neonazi, José Manuel Castro, o único crime pelo qual Mário Machado está indiciado pelo Ministério Público é a posse ilegal de arma.

"Esse (posse ilegal de arma) é o crime que (Mário Machado) está indiciado neste momento", referiu o advogado de defesa, congratulando-se por não ter sido aplicada ao seu constituinte qualquer medida privativa da liberdade.

Segundo José Manuel Castro, o juiz de instrução criminal não validou o crime de ódio racial que inicialmente motivou a busca domiciliária à casa do arguido, tendo o advogado lamentado que, "passados tantos anos, seja imputado a Mário Machado, uma coisa" que foi escrita em 2017.

Questionando todo o processo agora instaurado a Mário Machado, o advogado considerou que a medida de coação aplicada a Mário Machado, foi, "na medida do possível, "adequada", tendo o Tribunal de Instrução Criminal agido como um "tribunal de um Estado de direito democrático", evitando "ir buscar as teses mirabolantes" relacionadas com o que foi escrito há quatro anos.

José Manuel Castro reafirmou a inocência do seu constituinte e admitiu que, dentro dos condicionalismos que rodearam este processo, "alguma justiça" foi feita, ao afastar-se a possibilidade de qualquer medida privativa da liberdade.

Quanto ao crime de posse ilegal de arma, o advogado entende que este crime também não ficou "minimamente indiciado", apesar da opinião contrária do juiz, e salientou que Mário Machado "respondeu a toda a matéria" dos autos do processo, tendo permanecido três noites detido no Estabelecimento Prisional anexo à Polícia Judiciária.

Mário Machado foi detido na terça-feira em flagrante delito, em casa, por posse ilegal de arma, conforme disse à Lusa fonte policial.

A mesma fonte acrescentou que a detenção aconteceu durante uma busca realizada à casa de Mário Machado, em Santo António dos Cavaleiros (Loures), no âmbito de uma investigação da Polícia Judiciária por suspeitas de crimes de ódio e incitamento à violência através de comentários feitos na internet.

Mário Machado, 44 anos, esteve ligado a diversas organizações de extrema-direita, como o Movimento de Ação Nacional, a Irmandade Ariana e o Portugal Hammerskins, a ramificação portuguesa da Hammerskin Nation, um dos principais grupos neonazis e supremacistas brancos dos Estados Unidos da América. Fundou também os movimentos Frente Nacional e Nova Ordem Social (NOS), que liderou de 2014 até 2019.

O neonazi tem também um registo criminal marcado por várias condenações, entre as quais a sentença, em 1997, a quatro anos e três meses de prisão pelo envolvimento na morte, por um grupo de ‘skinheads’, do português de origem cabo-verdiana Alcino Monteiro na noite de 10 de junho de 1995.

Tem ainda uma outra condenação de 10 anos, fixada em 2012 por cúmulo jurídico na sequência de condenações a prisão efetiva em três processos, que incluíam os crimes de discriminação racial, ofensa à integridade física qualificada, difamação, ameaça e coação a uma procuradora da República e posse de arma de fogo.