“Presto a minha homenagem a Mário Soares, certo de que figurará na nossa memória e na história do nosso país, como um homem livre que quis que todos nós vivêssemos em liberdade e que lutou toda uma vida para que isso fosse possível”, afirma o secretário-geral da ONU, numa declaração enviada à Lusa.
Na nota, o antigo primeiro-ministro português diz ter tomado conhecimento da morte do ex-Presidente “com profunda emoção e um agudo sentimento de perda”.
Na mensagem, Guterres começa por transmitir à família de Mário Soares e, em particular, aos filhos e netos do antigo Presidente, as suas “sentidas e amigas condolências”.
“Falei já com os filhos, Isabel e João, junto de quem expressei a minha solidariedade neste momento doloroso do falecimento do seu pai”, menciona.
“É, em grande medida, a ele que devemos a democracia, a liberdade e o respeito pelos direitos fundamentais de que todos os portugueses puderam usufruir nas últimas décadas e que são hoje valores adquiridos no nosso país”, considera António Guterres, na mensagem.
Mas, acrescenta, “a dimensão do legado de Mário Soares ultrapassa em muito as fronteiras de Portugal”.
Por um lado, porque o país lhe deve a sua “plena integração” na comunidade internacional, mas também porque “o seu apego à liberdade e à democracia fazem dele um dos raros líderes políticos de verdadeira estatura europeia e mundial”, lê-se na declaração do secretário-geral das Nações Unidas.
António Guterres afirma ainda que, “pelo seu empenho político firme e corajoso e pelos princípios e valores que coerentemente prosseguiu ao longo da vida”, Mário Soares “moldou a vida política em Portugal de forma indelével”.
“A liberdade foi sempre o seu valor de referência”, refere também.
Mário Soares encontrava-se internado desde o dia 13 de dezembro, tendo sido transferido no dia 22 dos Cuidados Intensivos para a "unidade de internamento em regime reservado" do Hospital da Cruz Vermelha, depois de sinais de melhoria do estado de saúde.
No entanto, no dia 24, um agravamento súbito da situação clínica obrigou ao regresso do antigo chefe de Estado à Unidade dos Cuidados Intensivos.
No dia 31 de dezembro, dia da última atualização feita pelo hospital sobre o seu estado de saúde, Mário Soares continuava em "coma profundo", mas "estável e com parâmetros vitais normais".
Mário Soares, que morreu hoje aos 92 anos, desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.
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