Em Abrantes, com o Tejo como pano de fundo, Marisa Matias focou a tarde do seu segundo dia oficial de campanha no ambiente e recordou que a sua vida política começou com os movimentos ambientalistas.

Para a recandidata presidencial apoiada pelo BE os problemas que o rio Tejo enfrenta são “um símbolo” daquilo que considera ser necessário fazer: “colocar na agenda e no centro da política em Portugal as questões ambientais e as questões relacionadas com o combate às alterações climáticas”.

Esta falta de centralidade, na ótica de Marisa Matias, acontece quer ao nível da Presidência da República, como do Governo e até da própria força que poderia ter na Assembleia da República.

“Creio que é evidente e sonora a voz de tantos ambientalistas como estes que aqui estão a defender o Tejo, há tantos anos, e também é incompreensível que os seus alertas caiam em saco roto, que tenham chamado tantas vezes à atenção, que tenham escrito aos diferentes órgãos de soberania, que se tenham dirigido ao Presidente da República e que não tenham tido resposta”, lamentou.

Para a dirigente e eurodeputada do BE, não se pode continuar a fazer política em Portugal “a olhar para as instituições como se continuássemos no passado”.

“O chefe de Estado tem de ser o primeiro a assumir e a exercer a sua influência para que elas sejam introduzidas na agenda e para que fiquem”, disse.

Os relatos que ouviu sobre ambientalistas que estão “a enfrentar a justiça por defender aquilo que é comum a todos e por cumprir um desígnio que está previsto na Constituição” é que tentaram contactar Marcelo Rebelo de Sousa e “não obtiveram nenhuma resposta”.

“Claramente há uma ausência do Presidente da República”, condenou, avisando que não se podem escolher se devem ou não devem integrar a intervenção política.

Em jeito de provocação, Marisa Matias foi questionada pelos jornalistas se aconselharia um banho no Tejo poluído a algum dos seus adversários nestas eleições presidenciais.

“Eu espero que estas eleições sejam sobre debate político, argumentário, disputa política, programa. Não desejo assim tanto mal a ninguém que os queira ver no meio da poluição do Tejo”, respondeu.

No entanto, a bloquista aproveitou a deixa para atirar uma farpa: “há ideias muito, muito poluentes e muito contaminantes nesta campanha. O nosso trabalho e o nosso dever é eliminá-las”.

O ambiente vai continuar no centro da campanha de Marisa Matias que hoje à noite terá um comício virtual sobre este tema na Estufa Fria, em Lisboa.