A sala Manoel de Oliveira, no Cinema São Jorge, tem 827 lugares, mas hoje pouquíssimos desses estavam ocupados uma vez que, devido à pandemia, o comício de Marisa Matias foi totalmente virtual, estando apenas presentes técnicos, equipa de campanha, jornalistas e os intervenientes nesta sessão.
Entre discursos apenas o silêncio uma vez que as palmas foram possíveis unicamente através dos gestos dos participantes em cada um dos muitos quadradinhos que compunham o ecrã gigante atrás dos oradores, pelos quais foram passando as 350 pessoas que estiveram ligadas virtualmente, segundo números da organização.
Marisa Matias, no primeiro dia de campanha, quis garantir que "no essencial" é a mesma do que quando se candidatou a Belém nas últimas eleições, mas lamentou que o mundo tenha mudado e "para muito pior", sendo a "política das direitas hoje muito mais agressiva do que era há cinco anos".
"A esquerda cresce quando é alternativa de ideias e de ação, quando recusa jogos, quando recusa os ajustes de contas, quando não se submete a calculismos, e eu aqui estou para uma luta empenhada que só tem a enorme ambição que se chama democracia", salientou.
Segundo a recandidata apoiada pelo BE, a primeira diferença em relação aos últimos cinco anos "é que a desigualdade se acentuou, agigantaram-se poderes económicos que impõem aos países regras de austeridade, que cobram rendas, que nos exploram no trabalho, nos impostos, na energia, na saúde, que traficam influências, que compram favores e que manipulam governos".
"A razão pela qual eu enfrento a recandidatura do atual presidente é que ele fechou os olhos a este agigantamento dos privilégios pela simples razão de que entende que esse é o destino do nosso país, que sempre foi assim", condenou, apontando que "Marcelo Rebelo de Sousa é a continuidade desse Portugal antigo", quando aquilo que a bloquista defende é um "Portugal para agora e para o futuro".
Dando os exemplos da eleição de Trump, Bolsonaro e das eleições ganhas pela extrema-direita em grandes países europeus, Marisa Matias acrescentou o caso português: "há pouco mais de um ano temos um trump-minion a fazer do racismo um argumento político".
"Quando contarmos os votos dentro de duas semanas, eu quero contribuir decisivamente para que Marcelo Rebelo de Sousa perceba que há uma enorme força popular que não vai só defender a saúde pública e a escola que é de todos, mas muito mais, que vai exigir e conseguir engrandecer o SNS, que vai conseguir impor leis laborais que nos respeitem e quero contribuir para mostrar que há um povo que não se quer deixar amesquinhar pela técnica do ódio e da prosápia e esses sim são os meus objetivos nesta eleição presidencial", disse.
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