Entrevistada pela TVI, Marisa Matias, eurodeputada, 44 anos, reconheceu que o atual Chefe de Estado foi "exemplar" no apoio a questões sociais como o dos cuidadores informais e dos sem-abrigo, mas demarcou-se claramente de Marcelo Rebelo de Sousa quanto à forma de resolver os problemas ligados ao SNS e ao Novo Banco, cujos negócios "ruinosos" elencou, com ênfase para a venda da seguradora Fidelidade ao grupo Apolo, que revendeu a seguradora, com um lucro de mais de 500 milhões de euros.

Ainda sobre o Novo Banco, Marisa Matias, que nas últimas presidenciais obteve quase meio milhão de votos, lembrou que já tinha uma "posição radicalmente oposta" à de Marcelo Rebelo de Sousa quanto ao BANIF, diferença que se repete agora em relação ao problema do Novo Banco, em que "o Estado está a cumprir o contrato e a outra parte não".

Nas palavras da candidata apoiada pelo BE, o negócio do Novo Banco - do fundo de resolução à venda - "foi tudo mal feito" e existem todas as razões para "desconfiar que não está a correr bem" a gestão bancária que tem levado o Governo a injetar muitos milhões naquele banco saído do antigo BES.

Considerando que o processo do Novo Banco tem sido "ruinoso", Marisa Matias disse ser fundamental apurar se as normas contratuais do negócio que envolve a instituição estão a ser cumpridas, após o entrevistador Miguel Sousa Tavares ter aludido a uma auditoria pedida ao Tribunal de Contas.

Quanto ao SNS, Maria Matias demarcou-se também de Marcelo Rebelo de Sousa, criticando-o por utilizar a sua posição institucional para "insistir na manutenção dos privados no SNS", quando, durante a pandemia, os privados "foram os primeiros a fechar as portas a mulheres grávidas" e a outras pessoas infetadas com covid-19.

Segundo a candidata, o país tem de utilizar toda a capacidade instalada (nos serviços de saúde), mas "o comando tem de estar no SNS" e não nos privados, criticando o sistemático desinvestimento no SNS, situação que levou que hoje existam algumas centenas de médicos a menos do que aqueles que existiam no início da pandemia.

"Precisamos de salvar o SNS e precisamos de mais médicos", sublinhou, negando ter qualquer preconceito ideológico para com os privados, embora reiterasse as críticas ao comportamento que estes tiveram na primeira vaga da pandemia.

Em relação à candidata Ana Gomes, disse ser sua amiga e lembrou que com ela partilhou uma luta na União Europeia contra a evasão fiscal e o funcionamento das 'offshores', mas observou que ambas diferem em assuntos ligados à defesa dos serviços públicos, política orçamental europeia e política de Defesa.

Confrontado com o problema da TAP e da sua reestruturação, Marisa Matias disse "não conhecer em detalhe os planos de recuperação", reconheceu que "houve muitos erros" de gestão no passado e defendeu que é "necessário discutir o que está a correr mal", tudo isto na perspectiva de criar um "projeto de companhia [de aviação] adequado aos novos tempos e que sirva a comunidade portuguesa espalhada pelo mundo", por forma ser um "instrumento de sobenania" nacional.

Na entrevista, a candidata apoiada pelo BE defendeu o "fecho da offshore da Madeira", recordando que defendeu sempre que "não deviam existir offshores", em que a lógica é esconder os lucros das grandes empresas e fugir às obrigações fiscais, situação que "não serve às pessoas e à economia".

A reestruturação da dívida portuguesa e a resposta que deu ao deputado André Ventura que a apelidou de "candidata marijuana e Madre Teresa de Calcutá" foram outros tópicos da entrevista, tendo Marisa Matias reiterado que Ventura é "vigarista" porque "engana as pessoas", "mentiroso" porque apoiou um Governo nos Açores com base no ataque aos pobres e acrescentou que aquele deputado de "extrema-direita" é também um "troca-tintas" como recentemente se presenciou no Parlamento na discussão da proposta relativa ao Novo Banco.

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