A antiga deputada Marta Rebelo passou mais de uma década enredada na complexa teia da depressão, realidade que conhece de cor e da qual não se envergonha. Neste episódio do podcast Um Género de Conversa, fala com Paula Cosme Pinto e Patrícia Reis sobre falências da mente, preconceitos que enfrentou, desafios e sistemas políticos e de ideias feitas. “A saúde mental precisa urgentemente de ser debatida”, advoga.
Licenciada em Direito e Mestre em Ciências Jurídico-Económicas, Marta Rebelo tinha aquilo que muitos consideravam ser uma vida perfeita: “Pessoas próximas, e já em desespero de causa, sem conseguirem compreender, disseram-me: ‘Mas tu tens tudo, por que raio estás deprimida? As doenças mentais são a coisa mais democrática que existe, não precisas de ser isto ou aquilo, nem de ter muito ou pouco dinheiro. Qualquer pessoa, a qualquer momento, pode ter um problema mental”. É por isso que assumiu como uma das suas missões trazer este tema para a esfera pública, sem eufemismos, falando da sua própria experiência enquanto ponto de partida para a desconstrução de estereótipos, preconceitos e discriminações.
Ao longo da sua carreira, Marta Rebelo publicou livros jurídicos e artigos científicos, foi adjunta, consultora e chefe de gabinete no Governo, líder nacional do Partido Socialista, deputada à Assembleia da República, assistente universitária, consultora de Comunicação. Nestes 50 minutos de conversa, fala também de como foi fazer esse percurso, sendo mulher: “Categoria 1: mulher. Categoria 2: miúda. Categoria 3: engraçada. Passei pelo clássico da horizontal, só estava ali por ter dormido com alguém. Sofri destes preconceitos todos”. E acrescenta: “Na Assembleia da República o preconceito depois virou: às tantas, já não dormia com ninguém. Deveria ser lésbica. Achei isto maravilhoso.”.
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