A ministra da Saúde assumiu que "estamos a caminho de uma situação complexa e com muita incerteza" e que "os cenários e as estimativas que os peritos que nos apoiam tinham desenhado estão a confirmar-se em termos de um factor, que é a transmissibilidade".
"Já conhecíamos, de acordo com aquilo que eram os casos da Dinamarca e do Reino Unido, que estávamos perante uma variante muito mais transmissível, com uma possibilidade de duplicação a cada dois dias, três dias, segundo cenários diferentes. Falta-nos saber, designadamente, qual é o impacto desta maior transmissibilidade em termos da severidade da doença e do escape imunitário", acrescentou.
Questionada sobre se Portugal poderá estar no caminhos de outros países da Europa, que continuam a "bater recordes de infeção", a ministra afirmou que "sim" e que "temos de nos preparar para isso", referindo que “é estimado que Portugal ultrapasse o recorde de infeções”, recordando que já foram registados no país mais de 16 mil casos diários (a 28 de janeiro deste ano, no pico da maior onda da pandemia, foram registados 16.432 casos de infeção).
Marta Temido apelou ainda a que, "neste momento, em que se avizinha uma época de contactos tradicionalmente intensos, cada um de nós faça o que estiver ao seu alcance para prevenir a transmissão que é muito fácil com esta variante".
A ministra referiu que os dados de que dispõem são "estimativas de prevalência da variante", pelo que não se sabe qual o impacto desta variante nos internamentos - se são casos de infeção por Ómicron ou Delta.
“Com esta variante, tudo acontece muito depressa, quase como mudar de um canal para o outro", refere.
Apesar de escusar a fazer previsões sobre números de casos, porque mesmo os peritos consideram que "pode ser artificial", Marta Temido assume que a variante Ómicron deverá tornar-se dominante até o final do ano.
Questionada sobre a contrariedade do encerramento de discotecas, permitindo a realização de determinadas festas, Marta Temido admite que "algumas decisões podem soar contraditórias”, mas salientou "que as concentrações permitidas neste momento estão sujeitas a um contexto muito específico e de reforço de medidas", apelando à população que se foque na redução de contactos.
A ministra salientou ainda que a vacinação não vai parar durante o Natal e Ano Novo, que serão "três dias em que pára a vacinação", mas que esta será reforçada nos dias seguintes, assegurando descanso aos profissionais.
Sobre a vacinação das crianças, Marta Temido afirmou que o fim de semana “correu muito bem”, mas que gostaria de ter visto mais crianças a serem vacinadas. “Estávamos prontos”, assegurou. A ministra justificou ainda que os dias exclusivamente dedicados às crianças têm como objetivo criar um ambiente pediátrico.
A governante disse ainda que está previsto para os primeiros dias de janeiro abrir a faixa etária dos 50 aos 59 anos à vacinação de reforço por autoagendamento.
"A nossa estimativa é que possamos abrir a faixa etária dos 50 aos 59 anos nos primeiros dias de janeiro. O primeiro dia útil de janeiro é o dia 3, já vamos estar a trabalhar no dia 2 e pensamos que por esses dias estaremos a atingir a faixa dos 50 anos na população em geral por autoagendamento", salientou.
Marta Temido afirmou que o aumento de casos vai gerar mais pressão sobre a linha de saúde 24, sobre os testes e inquéritos epidemiológicos, pelo que está a ser feito um reforço destes profissionais.
“Ainda ontem foi promulgada pelo Presidente da República uma medida legislativa aprovada pelo Conselho de Ministros na última semana, que permite a contratação de rastreadores adicionais”, anunciou.
Sobre a contratação de mais profissionais de saúde, a ministra disse que estão preparados acordos com o setor privado, social e com o setor militar e que “estão contratualizadas mais de 400 camas para reforços de hospitais”.
“Aquilo que prometemos sempre fazer é o melhor possível, mas estamos num contexto cheio de incertezas e com os meios sempre limitados”, salientou.
Relativamente à possibilidade de o Governo voltar a determinar o uso de máscara em espaços públicos, Marta Temido adiantou que o executivo tem quadro legal para tomar essa medida e que está disponível para fazer esta avaliação, mas salientou ser necessário “equilibrar o esforço individual”.
“Não podemos pedir tudo às pessoas porque senão elas provavelmente desistem”, referiu.
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