Em entrevista à agência Lusa a propósito dos 40 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que hoje se assinalam, Marta Temido, que encabeça a lista do PS por Coimbra às legislativas de outubro, escusou-se a dizer se estava disponível para continuar como ministra da Saúde, afirmando que o projeto que tem em mãos, juntamente com outras pessoas, é para já o de encabeçar uma lista por um distrito.

“Marta Temido será candidata e deputada à Assembleia da República e o resto a seu tempo se verá”, disse a ministra, que tomou posse a 15 de outubro de 2018, substituindo no cargo Adalberto Campos Fernandes.

Na entrevista, contou que ser deputada era “uma das responsabilidades” que mais a “seduzia” antes de “iniciar uma vida política”.

“Ser deputado da nação em democracia, num país que tem uma democracia relativamente recente, onde eu ainda tenho dos meus familiares mais velhos muitas referências àquilo que não era viver em democracia, é de facto um exercício de responsabilidade”, sublinhou Marta Temido, acrescentando: “Vou procurar exercê-lo com total empenho e com muito entusiasmo”.

"É evidente que integrar um governo é muito importante, mas ser deputada à Assembleia da República é na minha perspetiva igualmente importante e, portanto, há que servir o povo independentemente da responsabilidade que conjunturalmente se tenha”, frisou.

Fazendo um balanço de 11 meses como titular da pasta da Saúde, Marta Temido afirmou que tem sido um “enorme privilégio”, mas também uma “enorme responsabilidade”.

“Não me é possível deixar de a carregar em todos os momentos da minha vida. Isto quando se é ministro, de facto, é-se ministro de dia e noite, a dormir e acordado”, desabafou.

Marta Temido destacou a exigência de um setor como a saúde, onde “não há zonas de não preocupação”.

“Num setor como este há sempre qualquer motivo de preocupação, até porque é um setor onde acontecem muitas coisas extraordinárias. Nascem pessoas, mas também acontecem coisas terríveis e é muito exigente”, frisou.

Marta Temido falou ainda do orgulho de exercer na Administração Pública, assegurando que dificilmente a trocaria pelo setor privado.

“O meu avô materno contava que tinha recebido uma condecoração por ser funcionário público”, recordou, acrescentando que ser funcionária publica, apesar da “desvalorização social que lhe está associada, é uma forma de serviço público”.

Por isso, defendeu: “Ser serviço público no Governo, ser serviço público na Assembleia da República, ser serviço público na minha profissão de administradora hospitalar para mim será sempre serviço público”.

“O que não imagino é trabalhar noutra área que não seja o serviço público. Isso é certo, mas será até uma questão de formação de personalidade”, disse Marta Temido.

A este propósito, revelou que já teve convites para trabalhar no setor privado e que declinou.

“Já tive convites, mas não é a minha maneira de ser. Apesar de tudo, eu acho que a independência que existe no exercício de funções públicas é muitíssimo grande e também a circunstância do meu primeiro dever ser com a população e com o interesse público para mim é muito significativo e não trocava”, rematou.