Em declarações à agência Lusa, Ana Rita Cavaco revelou que a Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, além de encerrar três salas de parto, reduziu o número de enfermeiros por turno, “o que não dá segurança às pessoas”.
A representante dos enfermeiros relata que todos os dias tem conhecimento de “encerramento de camas e fecho de alguns serviços”, fruto do que os profissionais têm considerado como a falta de planeamento adequado com a passagem, a 1 de julho, às 35 horas de trabalho semanais por parte de milhares de profissionais de saúde.
“Esconder o que está a acontecer não vai resolver o problema”, refere a bastonária dos Enfermeiros, sobre as várias declarações feitas esta semana pelo ministro da Saúde, que tem dito que a esmagadora maioria dos hospitais vive uma situação de normalidade com a passagem às 35 horas.
Ana Rita Cavaco indica ainda que em Chaves, Lamego e Vila Real “vão encerrar 48 camas”, porque do reforço de 60 enfermeiros que se estima necessário só foram autorizados 32.
A bastonária lembra ainda que os enfermeiros que entram, além de serem em número insuficiente, “não contam logo como elementos”, visto que têm de fazer a sua integração na equipa.
Segundo a Ordem dos Enfermeiros, no hospital de Gaia, por exemplo, chegaram três enfermeiros novos hoje ao serviço de urologia, mas uma das enfermeiras da equipa entrou de baixa por “não ter aguentado trabalhar sozinha com 18 doentes, como tem acontecido”.
Vários profissionais de saúde e também partidos políticos têm criticado o Ministério da Saúde por falta de planeamento atempado com a passagem das 40 para as 35 horas de trabalho semanais desde 1 de julho, considerando ainda que os profissionais que o Governo anuncia são insuficientes para cobrir as necessidades”.
De acordo com o ministro da Saúde, serão contratados este mês cerca de 2.000 profissionais (entre enfermeiros, técnicos e administrativos) para cobrir a passagem às 35 horas. Adalberto Campos Fernandes tem dito ainda que até maio entraram no Serviço Nacional de Saúde cerca de 1.600 profissionais já a contar com as 35 horas.
O ministro tem reiterado que o Governo e os hospitais estão a fazer um planeamento “como nunca foi feito”, mas não se compromete com a contratação adicional de profissionais depois do verão e indica que não deverá haver margem financeira para contratar o número desejável de profissionais.
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