A base de dados Matrix foi criada pela Polícia Metropolitana de Londres em 2012 para mapear gangues, na sequência dos motins de 2011 na capital britânica, e cataloga uma série de pessoas de acordo com o grau de violência, usando as cores verde, âmbar e vermelho.
Porém, o relatório “Encurralados na Matrix: Secretismo, estigma e preconceitos na base de dados de gangues da Polícia Metropolitana”, publicado hoje, nota que, das 3.806 pessoas da lista analisada em outubro de 2017, 78% são de raça negra, apesar de as próprias estatísticas da polícia indicarem que apenas 27% dos responsáveis pela violência juvenil são negros.
A base de dados tem jovens até 12 anos e 99% dos identificados são do sexo masculino, o que a organização de direitos humanos atribui ao facto de as autoridades identificarem muitos por gostarem e partilharem nas redes sociais música ‘grime’.
Mais recentemente, a Polícia Metropolitana tem estado sob pressão para combater o crime com armas brancas, mas Kate Allen, diretora da Amnistia Internacional no Reino Unido, afirma que a base de dados Matrix não deve ser usada porque está enviesada.
“O sistema inteiro é racialmente discriminatório, estigmatizando jovens negros pelo tipo de música que escutam ou pelo seu comportamento nas redes sociais, perpetuando preconceitos raciais que podem ter um potencial impacto em todos os tipos de áreas das suas vidas”, vinca.
Allen considera que alguns agentes policiais “têm agido como se estivessem no faroeste”, ao criarem perfis falsos nas redes sociais para vigiar suspeitos sem recorrer a mandados de busca, o que considera ser um desrespeito dos Direitos Humanos.
A Amnistia Internacional quer um inquérito público completo sobre a Matrix e o seu respetivo uso, nomeadamente se a base de dados respeita as leis de proteção de dados e, caso se confirme que não respeita os Direitos Humanos, sugere que seja desmantelada.
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