Em declarações aos jornalistas em Alcântara, uma das zonas mais afetadas na semana passada e hoje pelas fortes chuvas registadas no distrito de Lisboa, Carlos Moedas afirmou que durante a noite houve mais de 300 ocorrências, sem registo de vítimas, apesar dos “muitos danos materiais”.

Apenas uma pessoa se “sentiu mal, com hipotermia”, mas “o caso está resolvido”, afirmou o autarca social-democrata, perto das 12:00, sem ter ainda um número total de pessoas deslocadas das suas casas.

Todos estes cidadãos estão, segundo o presidente da autarquia, a ser acompanhadas pela Proteção Civil municipal e pelas juntas de freguesia e “não vão ficar sem teto”.

Questionado sobre o trabalho de prevenção, tendo em conta também que há menos de uma semana - entre os dias 07 e 08 - a cidade foi afetada por muitas inundações, como na madrugada de hoje, Carlos Moedas indicou que os serviços estão “na capacidade total de ajuda”.

“Nós estamos totalmente em reforço desde ontem à noite, com os bombeiros à saída dos túneis, a Polícia Municipal, os trabalhadores das juntas… Esse reforço é constante”, disse, sublinhando que estas inundações serão cada vez mais frequentes, no contexto das alterações climáticas.

“Vamos ter eventos [meteorológicos significativos] cada vez mais próximos, por isso é tão importante fazer mudanças estruturais”, acrescentou.

O presidente do município recordou as bases do Plano Geral de Drenagem, do qual está já a ser construído o primeiro túnel, em Campolide.

No caso de Alcântara, explicou, pretende-se que a água proveniente de Campolide deixe de descer para esta zona e seja levada para Santa Apolónia. Haverá também um reservatório com 17 mil metros cúbicos de capacidade que pode manter a água mais a norte, evitando que entre no rio em altura de maré cheia.

Carlos Moedas destacou a “imprevisibilidade dos eventos” meteorológicos, explicando que hoje de madrugada, pelas 02:00, a monitorização do mau tempo não permitiu prever as chuvas registadas, mesmo depois das cheias da semana passada.

“Era impossível precaver. O que aconteceu hoje foi diferente: desta vez foi uma chuva não tão intensa, mas durou mais de seis horas […] Estamos numa zona abaixo do nível da água, vai sempre inundar enquanto não começarmos o túnel”, descreveu, reconhecendo que a obra deveria estar concretizada há muito.

Enquanto esse trabalho não é concluído, o município tem de “precaver, lutar com as pessoas, estar do lado das pessoas”, já que não se pode “mudar a geografia da cidade”.

Está a ser feita uma avaliação dos danos, mas entretanto mantém-se o alerta das autoridades no terreno, uma vez que entre as 13:00 e as 18:00 está previsto um agravamento da chuva.

A autarquia tem estado em contacto com o Governo e conta ter uma avaliação dos estragos “o mais depressa possível, nos próximos dias”, para assim serem decididas medidas de apoio.

Carlos Moedas, que voltou a apelar para que os cidadãos evitem ir para Lisboa, esteve a acompanhar as operações de socorro noutras zonas da cidade, como a Azinhaga da Torrinha (freguesia de Santa Clara), onde um deslizamento de terras está a impedir 10 pessoas de sair de casa.

No local, de acordo com o social-democrata, “ninguém está em perigo de vida”.

Em Alcântara, 16 pessoas foram retiradas das habitações e outras seis de um supermercado na sequência de inundações provocadas pelo mau tempo, disse à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia, Davide Amado.

O distrito de Lisboa foi o mais afetado pela chuva forte desta madrugada, com muitas inundações e o consequente corte de várias estradas e transportes públicos.

Entre as 00:00 e as 12:00, a Proteção Civil nacional registou perto de 1.500 ocorrências, sobretudo inundações, quedas de árvores e deslizamentos de terras.