
Francisco quis tudo mais simples. Por isso, a 29 de abril de 2024, aprovou o novo "Ordo exsequiarum Romani Pontificis", que conheceu o primeiro exemplar em papel em novembro do mesmo ano.
Assim, neste documento estão as linhas que traçam o que se espera das exéquias dos próximos papas.
"Uma segunda edição tornou-se necessária, antes de mais, porque o Papa Francisco pediu, como ele próprio declarou em várias ocasiões, para simplificar e adaptar alguns ritos para que a celebração das exéquias do bispo de Roma exprimisse melhor a fé da Igreja em Cristo Ressuscitado", explicou na altura ao Vatican News o arcebispo Diego Ravelli, mestre das celebrações litúrgicas.
"O rito renovado, além disso, devia sublinhar ainda mais que o funeral do romano pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo e não o de um homem poderoso deste mundo", disse ainda.
O que mudou?
Segundo informação publicada pelo Dicastério para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, "a constatação da morte não ocorrerá mais no quarto do falecido, mas na capela, e os seus restos mortais serão colocados imediatamente dentro do caixão".
Assim, não se vai ver o corpo de Francisco num altar, mas estará dentro do caixão aberto, onde poderá ser venerado pelos fiéis. O local habitual mantém-se, com a Basílica de São Pedro a ser o centro das cerimónias.
Outro aspecto que será diferente é o próprio caixão. "A tradição de ter três caixões de cipreste, chumbo e carvalho foi eliminada" e passa a haver apenas uma urna de madeira com interior em zinco. Além disso, o báculo papal, não será colocado junto ao caixão.
Onde vai ser sepultado?
Apesar de os últimos papas terem sido sepultados na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco disse em 2023 que não era essa a sua intenção.
"O lugar já está pronto. Gostaria de ser sepultado em Santa Maria Maior", admitiu numa entrevista à televisão mexicana N+.
Jorge Bergoglio, que lá ia regularmente antes da sua eleição, em 2013, disse sentir uma "ligação muito grande" a esta basílica, localizada no centro da capital italiana, onde já descansam sete papas.
De recordar que Francisco tinha o hábito de ali rezar antes e depois de cada viagem ao estrangeiro e até quando saiu do hospital após passar por uma cirurgia abdominal.
Quando devem começar as cerimónias?
"Após a morte do Romano Pontífice, os Cardeais celebrarão as exéquias em sufrágio da sua alma, durante nove dias consecutivos", devendo a sepultura ocorrer "salvo razões especiais, entre o quarto e o sexto dia após a morte", de acordo com o documento publicado acerca da vacância da Sé Apostólica e da eleição de um novo Papa.
Curiosidades do protocolo
- O Anel do Pescador
Quando um Papa morre, o cardeal Camerlengo, a pessoa encarregue de verificar se o pontífice morreu, retira-lhe do dedo o Anel de Pescador, símbolo do poder pontifício, para ser destruído, marcando assim o fim do pontificado.
- O martelo de prata
No mesmo ritual em que o anel é habitualmente retirado ao Papa, após o seu falecimento, em tempos houve também a tradição de bater por três vezes com um martelo de prata — o mesmo que destrói o anel — na testa do pontífice, chamando-o pelo nome de batismo. No fim, o Camerlengo dizia uma frase em latim: "vere papa mortuus est" ("o Papa na verdade morreu").
- As fotografias do Papa morto
De acordo com as regras do Vaticano, "não é lícito a ninguém fotografar nem captar imagens, por qualquer meio, do Sumo Pontífice, quer doente na cama, quer já defunto, nem gravar em fita magnética as suas palavras para depois reproduzi-las".
Assim, "se alguém, depois da morte do Papa, quiser tirar-lhe fotografias a título de documentação, deverá pedir para isso a autorização ao Cardeal Camerlengo da Santa Igreja Romana, o qual, porém, não permitirá que sejam tiradas fotografias ao Sumo Pontífice senão revestido com as vestes pontificais", ou seja, sem estar vestido com casula vermelha e dourada, com a mitra branca na cabeça e o pálio, uma tira de lã branca com cruzes pretas, aos ombros.
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