No parque, situado na margem sul do rio Mondego, junto à praia do Cabedelo e molhe sul do porto da Figueira da Foz, são visíveis os estragos provocados pelo mau tempo que atingiu aquela região na noite de sábado, com pelo menos quatro roulotes que ‘voaram' por cima da vedação e aterraram, completamente destruídas, a cerca de 100 metros de distanciam na estrada anexa, e outras dezenas danificadas no interior do espaço, constatou a agência Lusa no local.

"Estimo que devem estar cerca de 80 roulotes viradas. Alguns deles [dos campistas] estavam envolvidos nas rulotes, tivemos de os tirar para fora e batemos rulote a rulote para tirar as pessoas", disse à agência Lusa Tiago Cadima, concessionário do restaurante do parque de campismo.

A fonte frisou que os prejuízos serão "muito avultados", existindo automóveis "debaixo de roulotes" e "roulotes em cima umas das outras".

Segundo Tiago Cadima, "quatro a cinco pessoas" ficaram feridas, com ferimentos considerados ligeiros: "um tinha um braço partido, outros contusões na cabeça e no corpo e também era mais o susto de alguns, porque têm uma idade avançada", sublinhou.

De acordo com a mesma fonte, cerca de 120 campistas estavam no parque de campismo na altura em que o furação atingiu o local e acabaram por encontrar guarida no edifício do restaurante, onde grande parte pernoitou.

Ainda de acordo com Tiago Cadima, a Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, concessionária do Parque de Campismo "deu ordem de evacuação" do espaço ainda no final da noite de sábado, mas alguns campistas ficaram, "também porque não sabiam das chaves dos carros, porque as rulotes baldearam", e têm estado ao longo da manhã a sair, uns, outros a avaliar prejuízos e a retirar pertences.

O responsável do restaurante critica a Proteção Civil, por esta, alegadamente, ainda não se ter deslocado ao parque de campismo: "Só lamento que ainda não tenha aparecido aqui nenhuma autoridade. Ainda bem que não correu nada mal, porque, felizmente, não há vítimas [graves], isso é de salientar".

O ferido mais grave, um homem de 83 anos, Joaquim Veiga, residente em Taveiro, nos arredores de Coimbra, fraturou um cotovelo, teve alta hospitalar, mas terá de voltar para ser operado ao braço.

"Estava na rulote mais a minha filha. Quando veio o temporal já não conseguimos vir para fora, aquilo virou tudo e caiu-me em cima, por isso estou com o braço assim", disse à Lusa Joaquim Veiga, com o braço esquerdo ligado, sentado no interior do restaurante do parque, embrulhado num cobertor.

A assistência médica foi garantida por uma equipa do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e mais tarde de uma ambulância sedeada no Hospital Distrital da Figueira da Foz, localizado a cerca de dois quilómetros do parque de campismo, que, de acordo com Tiago Cadima, "fez várias viagens".

"Veio cá uma ambulância buscar-me e a mais pessoas", reiterou Joaquim Veiga, que depois de observado e tratado no hospital, terá de ser operado no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, de acordo com informações que lhe foram indicadas no hospital.

Utente do parque do Cabedelo desde os tempos "de campismo selvagem", por alturas da década de 1980, Joaquim Veiga foi salvo pelos funcionários do equipamento que o retiraram da rulote, depois do vento ter partido as janelas e arrancado a porta.

Já a filha Conceição Veiga, disse que a rulote que ocupava com o pai estava junto à vedação do parque de campismo e, com a força do vento, "atravessou a estrada toda e foi bater nas outras do outro lado", a cerca de 40 a 50 metros de distância.

"Tive sorte em estar viva, eu pensava que ele já estivesse morto", declarou Conceição, explicando que a família tem um contrato anual no parque de campismo e que é "habitual" vir de Taveiro para a Figueira da Foz à sexta-feira e regressar a casa ao domingo à tarde.