Nuno Martins, 56 anos, reside nesse largo e, em declarações à Lusa, relatou que “nunca” tinha assistido a uma “tragédia” como a que ocorreu esta manhã naquela vila alentejana.
“Nunca vi uma tragédia como a de hoje. A partir das 06:00 começámos a ouvir gritos e isto foi numa fração de segundos, ficaram logo 10 ou 12 carros a boiar”, contou.
O morador explicou que ainda conseguiu retirar as suas viaturas da garagem, mas a chuva não deu tréguas, tendo a garagem ficado com água “até dois metros de altura” pouco tempo depois.
Segundo Nuno Martins, ainda “há muitos prejuízos a registar” naquela zona de Campo Maior.
“Nunca vi nada assim, pessoas de idade com água até aos ombros, a força da água não deixava abrir as portas, [vivemos] momentos difíceis”, admitiu.
Vanda Coelho, de 33 anos, também reside naquele largo em Campo Maior e, em declarações à Lusa, disse que a sua habitação está “cheia de água” e tem o mobiliário “todo estragado”, tal como os eletrodomésticos.
“Demos por isto por volta das 06:30. Ficámos cheios de água, eu e o meu marido tivemos que nos juntar à porta de casa, que a força da água até com isso rebentou”, relatou.
A Câmara de Campo Maior (Portalegre) vai acionar o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil, na sequência dos prejuízos causados nas últimas horas pelo mau tempo, avançou à agência Lusa o autarca, Luís Rosinha.
Chuva intensa provoca mais de 90 ocorrências no distrito de Portalegre
A chuva intensa que caiu hoje no distrito de Portalegre provocou mais de 90 ocorrências, das quais 76 inundações, até às 12:30, em vias públicas e algumas habitações, disse o Comandante Operacional Distrital (CODIS), Rui Conchinha.
O responsável indicou à agência Lusa que a “maior incidência” de ocorrências, durante a madrugada e manhã de hoje, foi registada nos concelhos mais a sul do distrito, nomeadamente nos de Avis, Sousel, Monforte, Elvas, Campo Maior e Arronches.
As 76 inundações ocorreram sobretudo nestes concelhos, tendo “os concelhos de Campo Maior e Sousel”, neste último com a freguesia de Santo Amaro em destaque, sido “os mais afetados”, adiantou o comandante distrital.
“Em Campo Maior está a ser avaliada a situação de algumas habitações e há forte perspetiva de haver desalojados”, adiantou Rui Conchinha.
Já no concelho de Sousel, precisamente na freguesia rural de Santo Amaro, o mau tempo provocou inundações em habitações, havendo também registo de carros submersos, acrescentou também à Lusa o comandante dos Bombeiros de Sousel, José Fernandes.
“Há registo de casas inundadas, junto a uma zona de um ribeiro, mas não há vitimas a registar, apenas bens materiais”, disse.
O comandante dos Bombeiros de Sousel, que referiu que a situação se agravou “por volta das 05:30”, precisou ainda que um estabelecimento comercial naquela freguesia sofreu “alguns danos materiais com algum valor avultado”.
De acordo com o balanço distrital do CODIS Rui Conchinha, as inundações na região de Portalegre afetaram também algumas estradas.
Nos concelhos “mais afetados” há várias estradas cortadas, as quais limitaram a “dinâmica de alguns serviços”, nomeadamente das áreas de “saúde e educação” por “as pessoas não se poderem deslocar”, frisou.
No distrito registaram-se ainda seis quedas de árvores e 11 movimentos de massa, que “afetaram algumas estradas”, adiantou Rui Conchinha.
Portalegre está hoje em alerta vermelho, colocado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), enquanto os outros distritos alentejanos, de Beja e Évora, estão em alerta laranja devido ao mau tempo.
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