"Prevê-se que possa haver a ocorrência de cheias relâmpago, muito rápidas, em zonas urbanas que façam inundações rápido e em que as pessoas não tenham hipótese de se movimentar e fugir delas", disse hoje aos jornalistas o responsável, na sede da ANEPC, em Carnaxide (Oeiras), distrito de Lisboa.

Sérgio Trindade acrescentou ainda que situações de cheias poderão também ocorrer em zonas historicamente afetadas pelo fenómeno, como Águeda (distrito de Aveiro), o rio Vez (Viana do Castelo), e nas bacias hidrográficas dos rios Minho, Lima (Viana do Castelo) e Sorraia (Santarém).

"As bacias hidrográficas de todo o país já se encontram a níveis bastante elevados, portanto a precipitação forte e persistente vai tornar as bacias hidrográficas com a sua capacidade no limite", alertou o responsável, o que, com as descargas, poderá provocar inundações.

O responsável frisou que há, de momento, "três tipos de alerta: agitação marítima forte na costa ocidental, o vento forte", e ainda "a precipitação forte e persistente, que começa na zona litoral mais a norte e centro, mas que depois se estenderá a todo o país, ao longo do dia".

O adjunto de operações adiantou ainda a possibilidade de queda de neve em locais com altitude superior a 1000 metros, no final do dia de domingo.

Capitania do Douro alerta para risco de cheias nas zonas ribeirinhas do Porto

Tal como aconteceu há 15 dias, Rui Santos Amaral disse que as águas do rio podem subir mais do que o normal, galgando as margens do rio devido à chuva intensa, mas sem atingir a zona de Miragaia.

“Lá para segunda ou terça-feira poderemos ter uma situação em tudo idêntica àquela que tivemos há 15 dias [quando o Douro galgou as margens na Ribeira do Porto]”, disse.

Nessa altura, relembrou, as águas atingiram o Postigo do Carvão, na Ribeira, e o Cais do Ouro, mas não Miragaia.

A perspetiva de o rio transbordar hoje decorre da previsão de chuva forte e persistente na generalidade da bacia hidrográfica do Douro ao longo de hoje e amanhã, bem como do agravamento do estado do mar, com a consequente dificuldade na capacidade de escoamento na zona da foz do Douro, afirmou o capitão.

A eventualidade levou o Centro de Previsão e Prevenção de Cheias do Douro, uma estrutura que funciona junto da Capitania, a ativar o nível laranja de alerta de cheias para a albufeira de Carrapatelo e amarelo para o Estuário, bem como para as albufeiras de Crestuma, Bagaúste, Valeira, Pocinho e Torrão desde as 12:00 de hoje.

Rui Santos Amaral referiu que, ao longo do fim de semana, vão monitorizar a situação e, se for caso disso, elevar o alerta.

“As albufeiras vão encher e essa água, mais cedo ou mais tarde, vai chegar cá [zona ribeirinha do Porto], mas leva alguns dias”, sublinhou.

De acordo com o aviso à população da Proteção Civil do Porto, a “possibilidade de inundação por transbordo de linhas de água nas zonas historicamente mais vulneráveis” ocorre durante a preia-mar de hoje às 21:21 e nas de domingo às 10:04 e às 22:49.

Mais de 120 ocorrências registadas em três horas

Mais de 120 ocorrências relacionadas com as condições meteorológicas, sobretudo quedas de árvores e estruturas de edifícios, foram registadas entre as 08:00 e as 11:00 de hoje no país, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.

O comandante Pedro Araújo, desta autoridade nacional, disse à agência Lusa que, após uma noite (entre as 00:00 e as 08:00) com 44 ocorrências, este número aumentou significativamente, atingindo as 122 chamadas às 11:00.

Trata-se sobretudo de quedas de árvores e de ramos e de estruturas de edifícios, como antenas, chaminés e placas, causada pelo vento forte que se regista.

A mesma fonte referiu que estas ocorrências se têm registado um pouco por todo o país, com mais incidência nos distritos de Aveiro, Coimbra, Guarda e Viana do Castelo.

Até ao momento, nenhuma das ocorrências causou vítimas ou danos significativos.

O IPMA pôs sob aviso laranja 13 dos 18 distritos de Portugal Continental, incluindo toda a costa do país, e a amarelo cinco distritos do interior devido ao mau tempo.

De acordo com o site do instituto, os distritos do litoral, incluindo todo o Algarve, estão sob aviso laranja, que se deve sobretudo à precipitação, embora nos distritos mais a norte, Porto, Braga e Viana do Castelo, se devam também ao vento e à agitação marítima.

Já os distritos de Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda e Bragança estão sob aviso amarelo, assim como as ilhas dos arquipélagos da Madeira e dos Açores.

A situação de alerta amarelo em todo o país vai manter-se depois até às 13:00 de domingo.

O aviso laranja indica situação meteorológica de risco moderado a elevado e o amarelo é emitido pelo IPMA sempre que existe risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.

O IPMA prevê para hoje chuva, vento e agitação marítima forte: Chuva, por vezes forte, no litoral Norte e Centro, estendendo-se ao restante litoral oeste a partir do final da manhã, e gradualmente às restantes regiões; vento moderado a forte (30 a 50 km/h) do quadrante sul, por vezes com rajadas até 90 km/h, podendo atingir os 100 km/h no litoral Norte, e forte (40 a 55 km/h) nas terras altas, com rajadas até 110 km/h.

*Artigo atualizado às 13h20

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