“Incrementámos o nível de alerta de cheias no Douro para vermelho, atendendo à grande quantidade de água nas albufeiras a montante, motivo pelo qual vão ter de fazer descargas que, conjugadas com a maré cheia que se prevê para esta noite, farão aumentar o nível da água”, afirmou aos jornalistas Cruz Martins, numa das zonas atingidas pelas cheias, em Miragaia, no Porto.

A situação não se vai resolver no dia de hoje, contou, acrescentando que as autoridades estão a monitorizar toda a situação nesta bacia hidrográfica que sofre descargas de águas de uma “série de rios afluentes”, o que faz encher as barragens.

Contudo, Cruz Martins frisou que essas descargas são coordenadas.

Apesar de depois das 13:00 o nível das águas terem baixado nas zonas ribeirinhas do Porto e Vila Nova de Gaia, o capitão alertou para o facto de ser uma “situação aparente” porque, ao final do dia, as coisas vão piorar.

“É previsível que haja maré cheia por volta das 22:30 e que na Foz do Douro o nível da água aumente ainda mais do que aumentou esta manhã”, afirmou.

O comandante referiu que as zonas mais sensíveis são Miragaia, Foz, Afurada e ribeiras de Vila Nova de Gaia e do Porto, assim como a Régua, onde o rio subiu de forma “significativa”.

Não se pondo a hipótese de risco de vidas humanas, Cruz Martins alertou, contudo, para a necessidade de as pessoas tomarem uma série de medidas para minimizar eventuais efeitos das cheias e, consequentemente, estragos materiais.

Por esse motivo, o comandante alertou a população para a importância de retirar bens de casas e de lojas, bem como não estacionar nas zonas mais sensíveis.

O rio Douro galgou hoje as margens e inundou zonas ribeirinhas do Porto e de Vila Nova de Gaia, como zonas pedonais e o Areinho e a Afurada.

A passagem da depressão Elsa, em deslocação de norte para sul, provocou em Portugal dois mortos, um desaparecido e deixou perto de 80 pessoas desalojadas, registando-se entre quarta-feira e as 12:00 de hoje cerca de 7.000 ocorrências, na sua maioria inundações e quedas de árvore.

Num balanço feito ao início da tarde, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) referiu que os distritos mais afetados são Porto, Viseu, Aveiro, Coimbra, Braga e Lisboa.

Segundo a Proteção Civil, até às 20:00 deverá verificar-se um agravamento do estado do tempo, sendo depois expectável que a situação comece a estabilizar.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) tem hoje sob aviso laranja (o segundo mais grave) 12 distritos de Portugal continental e a costa norte da Madeira devido sobretudo à agitação marítima. Leiria, Santarém e Portalegre estão sob aviso laranja também devido às previsões de precipitação forte durante a tarde.

O IPMA alertou para os efeitos de uma nova depressão, denominada Fabien, que atingirá Portugal no sábado, em especial o Norte e o Centro, estando previstos intensos períodos de chuva e vento forte de sudoeste, com rajadas que podem atingir 90 km/hora no litoral norte e centro e 120 km/hora nas terras altas.

Segundo o IPMA, os efeitos da depressão Fabien não deverão ter em Portugal continental a mesma intensidade do que os da tempestade Elsa, prevendo-se uma melhoria gradual do estado do tempo a partir de domingo.

(Artigo atualizado às 14:49)