"Mas já percebi que da parte do Governo há a intenção, por um lado, de olhar para a situação dos agricultores, por outro lado, de encontrar uma solução provisória para substituir o que de dique deixou de existir, para permitir depois, com mais tempo, pensar noutra solução mais duradoura. Mas vou perceber, ouvir e ver", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado falava no final de uma visita ao Centro de Desenvolvimento e Reabilitação da Casa dos Marcos, instalações da Raríssimas - Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras, no concelho da Moita, distrito de Setúbal, que pela terceira vez visitou em véspera de Natal.
Questionado pelos jornalistas sobre o momento em que visitará o Baixo Mondego, o Presidente da República respondeu que acertou com o presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, deslocar-se à região no sábado, dia 28 de dezembro.
"Foi ideia dele deixar passar os próximos dias, o dia de Natal, obviamente, que é o dia da família, e os dias seguintes", referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que possivelmente estará acompanhado nessa visita pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e que já falou entretanto com a ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque.
"Vou observar, vou ver, e vou contactar com a realidade, conforme prometi, no tempo adequado, que é estabilizada a situação e não durante o período crítico - exatamente o mesmo que adotei em relação aos incêndios. E entendo que ganho em perceber o que se passou e ganho em perceber aquilo que está a ser pensado", afirmou.
Interrogado se entende que houve algo que correu menos bem, o chefe de Estado considerou que não dispõe de "elementos para falar" neste momento.
"Vou, primeiro, para ver e, depois, para ouvir exatamente aquilo que me vão contar sobre o que se passou, e perceber. Portanto, neste momento, sem ouvir e ver, não me vou pronunciar sobre o que se terá passado", acrescentou.
O comandante distrital de operações de socorro de Coimbra, Carlos Luís Tavares, disse hoje que "neste momento as coisas estão muito mais tranquilas", registando-se uma diminuição do nível da água em todo o vale do Mondego afetado pelas cheias, embora ainda não o suficiente para que o rio voltasse a estar confinado ao seu leito.
Os efeitos do mau tempo da semana passada, na sequência das depressões Elsa e Fabien, provocaram três mortos e deixaram 144 pessoas desalojadas, registando-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores.
O mau tempo levou também a condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, danos na rede elétrica e a subida dos caudais de vários rios, provocando inundações em zonas ribeirinhas das regiões Norte e Centro, em particular no distrito de Coimbra.
No rio Mondego, a rutura de dois diques provocou cheias em Montemor-o-Velho, onde várias zonas foram evacuadas e uma grande área, incluindo muitas plantações, estradas e o Centro de Alto Rendimento, ficou submersa.
A situação começou a ter na segunda-feira os primeiros sinais positivos de melhoria e diminuição do grau de risco, segundo a Proteção Civil.
Na segunda-feira, o Presidente da República divulgou uma nota a dar conta de que tem estado a acompanhar a situação do mau tempo em Portugal e em particular no Baixo Mondego e de que tencionava deslocar-se àquela região nos próximos dias.
(Artigo atualizado às 20:07)
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