O absentismo por razões de saúde, no Serviço Nacional de Saúde (SNS), aumentou 54%, em 2022, face a 2019, e não se poderá afirmar que tenha sido por causa do Covid-19, já que os números têm sido superiores aos dos anos de pandemia, quando muitos profissionais de saúde tiveram de ficar em casa por ficarem infectados.
Os médicos e enfermeiros apontam como causas a junção do cansaço com a desmotivação devido às fracas condições de trabalho a que estão sujeitos. Por essa razão, os profissionais de saúde pedem “medidas urgentes”, escreve o Jornal de Notícias.
De acordo com o matutino, entre os 150 mil trabalhadores afetos ao SNS foram registados três milhões de dias de ausência ao trabalho por doença em todas as instituições de saúde, incluindo o INEM e o Infarmed.
O JN recorda que o diretor executivo do SNS tinha dado conta da elevada taxa de absentismo, quando foi auditado no parlamento, invocando o cansaço derivado pelos anos de pandemia.
Já a bastonária da ordem dos enfermeiros lembra os diferentes estudos que têm demonstrado elevados níveis de exaustão entre os profissionais do SNS que é “recordista de horas extraordinárias”.
"O rácio enfermeiro/doente em Portugal está sempre abaixo da média da OCDE", disse a bastonária citada pelo JN.
O excesso de trabalho e as poucas horas de descanso combinadas com outros factores como os maus horários e os turnos, levam “à desmotivação e ao cansaço físico e mental”, apontou a bastonária.
O bastonário da Ordem dos Médicos, por sua vez, foi mais cauteloso na análise alegando que “não há estudos que expliquem porque estão as pessoas [profissionais de saúde] a adoecer mais”, mas aponta para a “negligência” do governo que devia fazer um levantamento pós-pandemia para avaliar em que estado e condições se encontra o atual capital humano do SNS.
A Associação Portuguesa de administradores Hospitalares (APAH), que arranca hoje em Guimarães com a sua conferência anual, vai aproveitar o evento para apresentar os resultados de um barómetro efetuado em colaboração com a Direção Executiva do SNS.
O estudo pretende efetuar um levantamento sobre a organização do trabalho dos profissionais de saúde. De acordo com o presidente da APAH, o inquérito foi enviado a todos os trabalhadores do SNS, nove mil responderam, adiantou ao JN, Xavier Barreto.
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