A maioria dos médicos são oriundos de Espanha (1.650), seguidos do Brasil (790), da Ucrânia (213), da Itália (197), de Cuba (160) e da Alemanha (148).
Os dados divulgados à agência Lusa mostram a evolução do número de médicos estrangeiros em Portugal nos últimos 10 anos. Em 2009, estavam registados 3.842, número que subiu no ano seguinte para 3.937 e para 4.044 em 2011.
Em 2012, o número de médicos estrangeiros no país baixou para 3.762, mas desde então tem vindo sempre a subir: 3.739 (2013), 3.779 (2014), 3.853 (2015), 3.943 (2016), 4.047 (2017), 4.083 (2018) e 4.192 (2019), representando cerca de 8% do total de médicos a exercer em Portugal, que totalizavam 53.657 em 2018.
Dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), também divulgados à Lusa, precisam que, em 2018, 1.758 médicos estrangeiros exerciam funções em estabelecimento do Serviço Nacional de Saúde (SNS), não incluindo as parcerias público-privadas (PPP), menos 12 face ao ano anterior e menos 50 relativamente a 2016.
A maioria (728) trabalha em hospitais, 509 nos cuidados de saúde primários e trinta na área de Saúde Pública. Os restantes 491 exercem noutras áreas não especificadas nos dados.
A região de Lisboa e Vale do Tejo é a que concentra o maior número de médicos (625), seguida da região Norte (439), do Alentejo (276), do Centro (222) e do Algarve (196).
Entre 2016 e 2018, o número de médicos de Medicina Geral e Familiar aumentaram de 81 para 174 em Lisboa e Vale do Tejo, enquanto no Algarve baixaram de 157 para 75.
Neste período, o número de médicos a trabalhar em hospitais em Lisboa e Vale do Tejo mais do que duplicou, passando de 100 em 2016, para 273 em 2018.
Já no Algarve houve uma baixa acentuada de 339 médicos em 2016, para 62 em 2018, referem os dados.
Nas restantes regiões do continente, os números não sofreram grande oscilações.
Em declarações à Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, apontou como possível explicação para o aumento de médicos estrangeiros o facto de haver cada vez mais médicos que vêm fazer o exame de acesso à especialidade em Portugal.
“Existem muitos médicos da Europa, mas também de outros países, porque o acesso à especialidade em Portugal não tem tantos candidatos como acontece, por exemplo, em Espanha e em Itália, que são países com um método de acesso à especialidade semelhante ao nosso, que começam a deslocar-se a Portugal”, justificou.
"É por isso que, sobretudo nos últimos três anos, o número de candidatos que vêm de fora é cada vez maior", considerou.
A maior parte destes médicos concorrem à especialidade e acabam por ficar. Há outros que apesar de não entrarem na especialidade também ficam a trabalhar em Portugal.
“Muitos desde médicos, ou alguns, pelo menos, vêm dos países da Europa de Leste”, onde “as condições de trabalho também não são boas e os salários são muito baixos e as pessoas acabam por vir para Portugal também nessa perspetiva”, explicou Miguel Guimarães.
Também há alguns médicos oriundos da Alemanha e do Reino Unido, mas que "são poucos" e normalmente trabalham no setor privado ligados à investigação, às novas tecnologias e na área da indústria farmacêutica.
Por outro lado, “Portugal, apesar de tudo, tem condições excelentes para as pessoas trabalharem, tem um clima fantástico, uma comida extraordinária, tem segurança, nomeadamente no que diz respeito aos atentados, as pessoas são afáveis e penso que isso também dá um contributo”, sublinhou o bastonário.
As “afinidades” relacionadas com a Língua Portuguesa também fazem com que Portugal seja uma referência na Europa para os médicos dos países de expressão portuguesa, concluiu.
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