Estas posições foram assumidas numa audição na Assembleia da República da relatora especial da ONU para os territórios palestinianos ocupados, Francesca Albanese, que contou apenas com a presença dos partidos da esquerda parlamentar - um facto lamentando pela relatora ao longo do encontro.

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, afirmou perante Albanese que as “ações de Israel só podem ser enquadradas num projeto racista, expansionista, de ocupação do território palestiniano e extermínio da sua população”.

“Não se trata de uma resposta, não se trata de uma defesa, não se trata sequer de uma vingança. Trata-se de um plano de longo prazo, expansionista, colonialista e de extermínio de Israel relativamente à Palestina. E a dificuldade que os países do Ocidente têm em reconhecer isto torna-os cúmplices deste extermínio e desta política”, defendeu.

Mariana Mortágua, alinhando com as críticas feitas por Francesca Albanese na sua intervenção inicial ao Estado português, acusou o Governo de “entrar na hipocrisia de reconhecer (a solução) de dois Estados, sem reconhecer o Estado da Palestina”.

O Bloco anunciou hoje que vai apresentar um voto de condenação no parlamento por Israel ter considerado o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, ‘persona non grata’.

Pelo Livre, o co-porta-voz Rui Tavares disse que o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu “já está a falhar” na tentativa de impedir que a Palestina seja reconhecida como Estado independente e criticou o que diz ser um caminho de “desnormalização e diabolização das figuras do sistema internacional, em particular da ONU”, referindo que essa é uma opção que “não é inocente”.

“Não é por acaso que atacam o secretário-Geral das Nações Unidas e que o Governo Português limitou-se a lamentar que o secretário-Geral António Guterres não possa entrar em Israel. Nós acreditamos que é preciso mais do que lamentar, é preciso condenar e é preciso trabalhar a nível internacional para que as coisas mudem e para que isto seja inaceitável”, acrescentou.

O deputado João Paulo Rebelo, do PS, sublinhou que se os socialistas, que estiveram os últimos oito anos no governo, estivessem ainda à frente do executivo “não só estaria a debater a solução dos dois Estados, como teria dado o passo verdadeiramente importante e decisivo que era o reconhecimento da Palestina”.

O socialista sublinhou ainda que o partido submeteu esta quarta-feira um voto de condenação ao Estado de Israel e apresentará também um projeto de resolução que “insta o Governo a reconhecer o Estado da Palestina”.

João Paulo Rebelo salientou ainda, lembrando as palavras do subsecretário-geral da ONU e ex-ministro do PSD Jorge Moreira da Silva, que o que se está a passar no Médio Oriente é “uma crise de humanidade” e questionou a relatora da ONU sobre o que podem os deputados fazer para contribuir para a resolução do conflito.

António Filipe, deputado do PCP, associou-se às críticas aos Governos dos diversos Estados europeus, referindo que tem “havido uma ambiguidade que não deve existir”.

O deputado comunista disse ainda que na defesa da Palestina “não há nenhum problema de antissemitismo”, mas sim um combate a uma “ideologia sionista, que é supremacista, racista” e tem como objetivo, por parte de Israel, “a construção de um Estado supremacista no território, historicamente, da Palestina”.

A representar o PAN nesta audição estava a dirigente Tânia Mesquita, que considerou estar a decorrer “a promoção de um verdadeiro genocídio sobre o povo palestiniano” e sublinhou que o partido tem estado do lado dos apelos para que Portugal reconheça o Estado da Palestina.