
"As forças israelitas começaram a retirar das aldeias fronteiriças, incluindo Maiss al-Jabal e Blida, à medida que o Exército libanês avança", frisou uma autoridade libanesa à agência France-Presse (AFP), que falou sob condição de anonimato.
A poucas horas de terminar a prorrogação do cessar-fogo entre o grupo xiita Hezbollah e Israel, válida até terça-feira, reinava a incerteza no Líbano, cujas autoridades têm denunciado bombardeamentos israelitas durante a trégua.
O acordo entrou em vigor em 27 de novembro por um período inicial de 60 dias, até 26 de janeiro, mas foi prorrogado até terça-feira, 18 de fevereiro, desconhecendo-se ainda se haverá uma nova extensão.
Na véspera do novo prazo, um porta-voz do exército, o tenente-coronel Nadav Shoshani, disse em Jerusalém que as tropas permaneceriam em cinco posições no sul do Líbano.
"Dada a situação atual, deixaremos temporariamente um pequeno número de tropas posicionadas em cinco pontos estratégicos ao longo da fronteira libanesa, para que possamos continuar a defender o nosso povo e de uma forma que garanta que não há ameaça imediata", frisou, considerando esta um medida temporária.
Antes deste anúncio, o presidente libanês Joseph Aoun, antigo chefe do exército, pediu aos garantes do acordo de tréguas, os Estados Unidos e a França em particular, que exercessem pressão sobre Israel, dizendo temer "que uma retirada completa não seja alcançada" na terça-feira.
Depois de Aoun ter afirmado que a questão do desarmamento do Hezbollah seria objeto de um acordo entre os libaneses, o novo governo de Nawaf Salam afirmou que o Estado deveria deter o monopólio das armas no Líbano.
O Hezbollah é a única fação no Líbano que manteve as suas armas após a Guerra Civil Libanesa (1975-1990). Os seus detratores acusaram-no de criar um "estado dentro de um estado".
Em Jerusalém, no domingo, o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disseram esperar que o Estado libanês desarmasse o Hezbollah.
No dia seguinte ao lançamento de uma ofensiva militar israelita em Gaza em resposta a um ataque palestiniano do Hamas a Israel, a 07 de outubro de 2023, o Hezbollah abriu uma frente contra Israel, disparando ‘rockets’ em território israelita a partir do sul do Líbano, o seu bastião.
Disse que estava a agir "em apoio dos palestinianos" e do Hamas, seu aliado. Os tiroteios transfronteiriços evoluíram para guerra aberta em setembro de 2024.
Um movimento poderoso que dominou a vida política no Líbano durante anos, o Hezbollah foi fundado e financiado pelo Irão, um inimigo jurado de Israel e dos Estados Unidos.
Entretanto, Israel continuou os seus ataques no Líbano, com o seu exército a afirmar ter morto um comandante do Hamas acusado de "planear ataques terroristas".
Peritos da ONU denunciaram num comunicado divulgado em 13 de fevereiro que pelo menos 57 civis foram mortos no Líbano nos primeiros 60 dias do cessar-fogo.
Disseram também que, durante o mesmo período, 260 propriedades foram destruídas por Israel, que demoliu casas depois de ter abandonado as aldeias libanesas que tinha ocupado.
A guerra de 2024 entre Israel e o Hezbollah provocou mais de 4.000 mortos só no Líbano e obrigou mais de um milhão de pessoas a fugir de casa.
Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), quase 100.000 pessoas continuavam deslocadas no país em 05 de fevereiro.
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