No protesto, que juntou homens, mulheres, adolescentes e crianças residentes em Portugal, foi feita uma roda em torno do presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha, que esclareceu os presentes sobre o envio de uma carta para a Assembleia da República Portuguesa com o objetivo de que o parlamento português aprove e reconheça o designado “Russismo” de Putin como uma ideologia de natureza totalitária e anti-humanista das suas bases ideológicas e práticas políticas.
Através da resolução de 2 de maio último, os representantes eleitos do povo ucraniano pretendem que a comunidade internacional reconheça a política estatal russa como um "conjunto de ideias perigosas e destrutivas destinadas a minar a ordem internacional e os seus princípios, nomeadamente o reconhecimento da igualdade e soberania de todos os Estados e a primazia dos direitos humanos".
A resolução do parlamento ucraniano também apela à Nações Unidas, ao Parlamento Europeu, à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, à Assembleia Parlamentar da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e à Assembleia Parlamentar da NATO, bem como aos governos e parlamentos de países estrangeiros, para que condenem o “Russismo”, enquanto ideologia e prática política.
No local da manifestação, algumas pessoas exibiram cartazes alusivos à "vergonha" da guerra russa e ao "Estado terrorista" de Putin, enquanto outras mostravam fotografias ampliadas de crimes de guerra, com civis e carros carbonizados e cadáveres no meio da estrada ou do passeio das localidades ucranianas.
Em declarações aos jornalistas, Pavlo Sadokha referiu que a 8 de maio a Europa celebra o fim da Segunda Grande Guerra Mundial, aproveitando para lembrar que "oito milhões de ucranianos morreram" nessa guerra, contribuindo para que o "mundo se livrasse da ideologia nazi".
"Agora, no século XXI temos outra ideologia que ameaça não só a Ucrânia como todo o mundo, que é o 'Russismo', a ideologia totalitária de Putin".
Pavlo Sadokha revelou já ter enviado uma carta à Assembleia da República para que reconheça o "Russismo" como uma "ideologia desumana e de ódio", acompanhando assim o entendimento e a resolução do parlamento ucraniano, numa altura em que se assiste ao genocídio do povo ucraniano, à morte de crianças e à violação de mulheres em território ucraniano.
Questionado sobre se existe alguma esperança na paz do conflito, Pavlo Sadokha contrapôs que a política de Putin é contra a paz e que o seu regime apelida esta invasão como uma "guerra santa".
Depois de anunciar, diante da Embaixada da Rússia, o pedido feito ao parlamento português, os manifestantes estenderam uma enorme bandeira com as cores da Ucrânia e desfilaram pacificamente rumo ao Clube Estefânia, onde uma organização pró-russa está a promover um concerto, para aí, no exterior, demonstrar o seu desagrado pela existência de propaganda russa em Portugal. Pavlo Sadokha garantiu aos jornalistas que este protesto será pacífico, servindo apenas para manifestar indignação.
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