“Estou feliz com o clima que encontrei em Bruxelas. Ver e falar diretamente com as pessoas pode ajudar a desmontar uma narrativa que tem sido feita (…) sobre o Governo italiano. Não somos marcianos, somos pessoas de carne e osso que explicam as suas posições e parece-me que havia pessoas do outro lado dispostas a ouvir”, sublinhou Meloni.
A sua primeira viagem ao estrangeiro, depois de assumir o primeiro governo mais à direita em Itália desde a Segunda Guerra Mundial, não foi a típica visita de um novo líder de uma importante nação da UE que pretende renovar laços com os Estados-membros.
Para muitos, Meloni carrega a extrema-direita para dentro dos muros da UE, num momento em que o bloco comunitário enfrenta crises em diversas frentes, noticiou a agência Associated Press (AP).
Em Bruxelas, Meloni teve reuniões de alto nível com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e Charles Michel, o presidente do Conselho Europeu.
Para a governante italiana, os parceiros estiveram recetivos e as conversas foram “francas e muito positivas”.
Entre os temas em discussão estiveram a guerra na Ucrânia, o aumento crescente dos preços de energia e matéria-primas, e ainda a forte migração, que afeta a Itália enquanto fronteira sul da UE.
Vencedora das eleições legislativas em 25 de setembro, Giorgia Meloni governa com a coligação de direita e de extrema-direita que tem maioria no novo parlamento: a Liga, de Matteo Salvini, e o Força Itália, de Silvio Berlusconi, que recentemente se gabou das suas ligações ao amigo e Presidente russo, Vladimir Putin.
Apesar dos receios na Europa, Metsola evitou as diferenças políticas e concentrou-se nos desafios comuns pela frente.
“Estou ciente de que os Estados-membros têm realidades diferentes, mas devemos encontrar coragem e vontade política para agir como fizemos durante a pandemia, unindo forças”, destacou a líder do Parlamento Europeu.
Já Ursula von der Leyen mencionou, através da rede social Twiiter, que a visita de Meloni enviou “um sinal forte”, pois foi “uma boa oportunidade para discutir temas cruciais”, como a Ucrânia, a energia e a questão dos migrantes.
Meloni enfatizou, porém, que não pretende atacar o bloco europeu, cujo tratado fundador foi assinado em Roma em 1957.
O cientista político Lorenzo Codogno destacou à agência France-Presse (AFP) que Meloni chegou a Bruxelas enquanto governante que é “pragmática e quer ser vista como uma líder moderada”.
A Itália, de resto, não está em posição para romper com a UE ou com a moeda europeia. A sua dívida total ultrapassa 150% do produto interno bruto e espera obter cerca de 200.000 milhões de euros em ajuda para lidar com a crise económica causada pela pandemia. Estes dados dão às instituições da UE uma ampla influência política.
Mas sobre a imigração, a líder italiana manifestou a diferença clara.
“Claro que falamos dos fluxos migratórios e da exigência italiana de uma mudança (…) em que a prioridade, já prevista nas normas europeias, é a defesa das fronteiras externas”, explicou.
“É um assunto muito delicado, muito importante”, acrescentou.
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