“O senhor primeiro-ministro faz uma declaração que não bate certo com a vida das pessoas. Fala das contas certas, mas não fala do desacerto das contas da vida das pessoas, do salário e da pensão que não chega para enfrentar o custo de vida, que aumentou significativamente nos últimos tempos”, começou por dizer hoje, aos jornalistas, no Porto, o dirigente comunista Jaime Toga.
Falando no centro de trabalho comunista na Avenida da Boavista, o membro da Comissão Política do Comité Central do PCP frisou ainda que António Costa fala “das qualificações do povo português, mas não fala, por exemplo, dos problemas da escola pública, do facto de haver ainda dezenas de milhares de alunos que não têm professores a todas as disciplinas”.
“Não fala do Serviço Nacional de Saúde [SNS], dos problemas que há no Serviço Nacional de Saúde, da falta de valorização dos profissionais”, referiu, sublinhando ainda a ausência de “um dos principais problemas do país, que é o problema da habitação”.
Para o dirigente do PCP, “hoje, milhares de famílias passam o Natal com a agonia de não saber como é que será o dia de amanhã, e como é que conseguirão fazer face ao aumento dos custos da habitação, seja por via do aumento da prestação do crédito à habitação, seja por via do aumento das rendas”.
Jaime Toga salientou a “importância de não alimentar ilusões, porque não é a partir do PS, como está demonstrado nos últimos anos, que se encontrarão respostas para os problemas dos trabalhadores, das populações”.
“Será, sim, pelo reforço da CDU [Coligação Democrática Unitária, entre o PCP e o Partido Ecologista ‘Os Verdes’], pelo aumento do número de votos e deputados da CDU, que será possível abrir caminho às respostas que são necessárias”, defendeu o dirigente comunista.
O primeiro-ministro afirmou que deixou um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas, considerando que Portugal está preparado para enfrentar os desafios com uma população mais qualificada e com menos dívida.
António Costa defendeu esta posição na sua nona e última mensagem de Natal enquanto primeiro-ministro, cerca de um mês e meio depois de se ter demitido da chefia do Governo por causa de uma investigação judicial e quando estão marcadas eleições legislativas antecipadas para 10 de março.
“Nestes oito anos em que tive a oportunidade de conhecer ainda melhor os portugueses e Portugal, só reforcei a minha confiança na nossa pátria. É com esta confiança reforçada em cada um de vós, na nossa capacidade coletiva, em Portugal, que me despeço desejando um feliz Natal, um excelente ano de 2024 e a certeza de que os portugueses continuarão a fazer de cada ano novo um ano ainda melhor”, declarou o líder do executivo no final da sua mensagem.
Na sua mensagem, António Costa disse ter concluído que os últimos oito anos provaram que tinha “boas razões” para confiar no país.
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