"Sabemos que a nossa prosperidade depende de sermos inovadores, o resto do mundo não fica de braços cruzados e é por isso para mim uma enorme alegria ver que aqui se está a trabalhar no futuro da Europa em cooperação entre dois países fisicamente distantes", afirmou Angela Merkel em Braga, na inauguração do novo centro de Tecnologia e Desenvolvimento (C&T) da Bosch.
Naquele que foi o primeiro momento da visita da chefe de Governo alemã ao país, Angela Merkel afirmou que hoje é "um bom dia" para a Bosch e para Portugal e apontou o setor da tecnologia como "rumo a seguir" para combater o desemprego em Portugal.
O novo centro de Tecnologia e Desenvolvimento (C&T) da Bosch de Braga, irá albergar mais de 200 engenheiros para produção de sensores e funções de software para condução autónoma.
"É uma enorme alegria estar aqui hoje na inauguração deste novo centro, é um bom dia para a Bosch, para Braga e para a cooperação luso-alemã", destacou, num breve discurso antes de descerrar com o primeiro-ministro português, António Costa, a placa que assinala a inauguração das novas instalações da Bosch.
Merkel, deixou ainda um pedido: "Peço aos professores que despertem o entusiasmo aos alunos pelas novas tecnologias porque são profissões do futuro, sabemos que o desemprego foi, e ainda é, um problema, mas a questão é saber qual o rumo a seguir para ter um futuro e os números mostram quais são os setores do futuro", assinalou.
O novo centro da multinacional alemã, segundo afirmou o responsável pela Bosch em Portugal, Dirk Hoheisel, "mostra bem a importância de Portugal para o grupo", lembrando a presença no nosso país desde o início do século XX e que a Bosch conta atualmente com quatro unidades em Portugal (Braga, Aveiro, Ovar e Lisboa) e com mais de quatro mil colaboradores.
"Este centro não é por isso apenas mais um marco da história em Portugal, mas também o testemunho da boa cooperação entre a Bosch, a Universidade do Minho e o Governo português", reforçou assim a opinião da chanceler alemã sobre a cooperação entre os dois países.
Entre 2015 e 2017, a Bosch investiu cerca de 200 milhões de euros em Portugal sendo que este ano os investimentos planeados estão "ao mesmo nível dos anos anteriores", segundo revelou a administração da multinacional alemã.
O novo centro, explica a Bosch, "surge com a diversificação dos projetos de inovação na empresa, incluindo o desenvolvimento de software", um investimento de cerca de 3 milhões de euros numa unidade de 4500 metros quadrados, que ocupou as instalações da antiga FDO, uma construtora bracarense, entretanto falida.
A Bosch destaca-se ainda pela parceria com as universidades portuguesas, e, sendo que o grupo submeteu uma nova candidatura a fundos europeus para projetos a serem desenvolvidos a partir do novo centro de T&D em parceria com a Universidade do Minho
Em fase aprovação, aquela candidatura prevê o investimento de 36 milhões de euros. entre 2018 e 2021.
António Costa destaca evolução do tipo de investimento alemão em Portugal
O primeiro-Ministro, António Costa, sublinhou hoje, em Braga, a mudança do tipo de investimento alemão em Portugal registada nos últimos anos, com uma crescente aposta na tecnologia e no conhecimento.
Falando na inauguração do Centro de Tecnologia e Desenvolvimento da Bosch, que contou com presença da chanceler alemã, Angela Merkel, António Costa destacou ainda que a Alemanha é "desde há muitos anos o primeiro investidor produtivo em Portugal".
"Nos últimos anos, temos assistido a uma transferência importante do tipo de investimento que as empresas alemãs têm vindo a fazer em Portugal", referiu o primeiro-Ministro.
Como exemplo, apontou o Centro de Tecnologia e Desenvolvimento da Bosch, hoje inaugurado em Braga.
"Aqui onde estamos, há 20 anos, a Blaupunkt produzia rádios. Hoje deixámos de produzir rádios e passámos a produzir conhecimento", disse.
Costa destacou ainda o facto de a Bosch ser parceira em dois "projetos fundamentais" (Laboratórios Colaborativos e Clube dos Fornecedores) no âmbito do Programa Interface, que classificou como "o mais importante do Programa Nacional de Reformas".
Um programa que visa transferir conhecimento e tecnologia das universidades, politécnicos e centros de saber para o tecido económico.
"Se queremos ser competitivos no futuro, é com base na inovação e no conhecimento", enfatizou António Costa.
Disse ainda que a Bosch é um "excelente exemplo" daquilo que é o espírito europeu.
"O espírito europeu não é só juntar países à volta de uma mesa do Conselho para tomarmos decisões. É muito mais que isso. É a capacidade de juntarmos os recursos, o saber, capacidade de fazermos em conjunto", referiu.
Só dessa forma, rematou, é que será possível "construir uma Europa que possa defender o seu modelo social, o seu standard de vida, os seus standards ambientais e o seu modo de viver neste mundo globalizado que é tão desafiante para a Europa".
A chefe do executivo alemão seguiu depois para a cidade do Porto, onde irá visitar o I3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde
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