A vigília estava marcada para começar às 16:00, mas as condições climatéricas, sobretudo a chuva que se fazia sentir, foram adiando a chegada de enfermeiros, que, segundo o porta-voz do movimento “Enfermeiros sem Medo”, vieram de vários pontos do país.
O objetivo dos enfermeiros é que a vigília se mantenha até às 24h00.
Em declarações à agência Lusa, Rodrigo Cunha explicou que a organização da iniciativa de hoje partiu de um grupo de quatro enfermeiros, que “em conversas sobre a classe profissional” e a incerteza sobre a profissão, decidiram criar um movimento inorgânico, “apelando a todos os colegas e sindicatos para se juntarem à causa por um melhor futuro para a enfermagem em Portugal”.
Exatamente por serem um movimento que não está ligado nem a partidos ou sindicatos e por entenderem que o papel negocial está nas mãos das estruturas sindicais, apontou que os enfermeiros em vigília não trazem propriamente um caderno reivindicativo, apesar de ali estarem para lutar no que acreditam.
“Obviamente que há pontos que sempre tocamos e que vamos continuar a tocar enquanto não nos for atribuído, seja o desgaste rápido, seja a questão da remuneração, dos rácios hospitalares, seja na qualidade dos serviços”, frisou Rodrigo Cunha.
Acrescentou que o objetivo “é passar todas estas reivindicações para uma tutela sindical” e apelar ao Governo para olhar para os enfermeiros, tendo em conta todas as manifestações que já fizeram e o facto de entenderem que continuam “sem nenhuma ação governativa” para a classe.
O porta-voz explicou também que o facto de terem organizado a vigília no dia de hoje tem a ver com as eleições legislativas marcadas para 10 de março e de, por isso, este ser “o momento ideal para apelar” aos futuros deputados da Assembleia da República para olharem para os enfermeiros e negociarem melhores condições para todos os profissionais, tanto do setor público, como privado ou social.
Zélia Candeias, 52 anos, uma das enfermeiras em vigília, disse à Lusa que o que a motivou a estar presente nesta iniciativa foi ter 28 anos de profissão, ser “enfermeira por gosto” e ter uma especialidade, na área da saúde maternoinfantil, que não vê reconhecida.
“Temos maternidades a fechar e temos enfermeiros especialistas com capacidade, com capacitação, com competências para tornar o serviço público melhor para as mulheres e nós estamos a deixar isso tudo cair porque não aproveitamos os recursos humanos que temos”, apontou.
Já Manuela Cabeleira, 61 anos, frisou que nunca antes tinha estado numa manifestação ou feito greve, tendo decidido que hoje era o dia ideal para começar “sobretudo porque é uma vigília apartidária e assindical”.
“O que está pior [na enfermagem em Portugal] é o tempo da reforma, não nos considerarem como profissão de risco, as condições de trabalho (…) que deixam muito a desejar, e o que se faz aos doentes”, considerou.
O bastonário da Ordem dos Enfermeiros esteve presente na vigília, em solidariedade com os enfermeiros e as suas reivindicações, tendo destacado que há três principais questões a resolver: baixos salários, carreira que retrata diferenciação e nível de competências e as condições de trabalho.
“Isto é um alerta para todos os partidos políticos para no dia seguinte ao dia 10 de março se lembrarem dos enfermeiros portugueses”, defendeu Luís Filipe Barreira, que adiantou que a Ordem já escreveu a todos os partidos sobre as exigências para a profissão e que assim que tomar posse o novo ministro da Saúde irá encetar reuniões.
(Notícia atualizada às 20h04)
Comentários