Michelle McNamara é autora do livro "I’ll Be Gone in the Dark" ["Eu desaparecerei na escuridão", tradução literal], uma obra sobre o Golden State Killer [assassino do estado dourado], um assassino em série californiano responsável por pelo menos 12 homicídios e 45 violações em todo o estado nos anos 70 e 80.

Michelle McNamara morreu enquanto dormia, em abril de 2016, no mesmo ano em que a investigação viria a ser reaberta, antes do 40.º aniversário do primeiro ataque conhecido, no condado de Sacramento.

Esta terça-feira, um mandado de detenção foi emitido contra James DeAngelo, acusado de assassinato e violação, com circunstâncias agravantes, e identificado através de uma análise de DNA, anunciou a procuradora de Sacramento, Anne Marie Schubert, em conferência de imprensa. A análise de DNA, comparada nos últimos seis dias, relacionou o ex-polícia a alguns dos crimes cometidos pelo Golden State Killer.

O livro de Michelle McNamara foi fundamental para apanhar o suspeito? O marido, o comediante Patton Oswalt, acredita que sim. A polícia descartou desde o primeiro momento esta possibilidade, assumindo porém que a obra manteve o caso sob escrutínio público e fez com que contribuições, pistas, continuassem a chegar às mãos da polícia.

McNamara faleceu antes de conseguir pôr um ponto final em "I’ll Be Gone in the Dark", mas o marido estava determinado em acabá-lo. Para isso, contratou o jornalista de investigação Billy Jensen e o pesquisador Paul Haynes, que ajudaram a coser as notas escritas à mão pela autor e os cerca de 3.500 ficheiros que tinha no seu computador. O livro chegou às bancas em fevereiro deste ano.

O resultado, escreve o The New York Times, é um relato vívido e arrepiante dos crimes do Golden State Killer e o testemunho de uma investigação que virou obcessão e que teve um impacto negativo na saúde psicológica de McNamara. Com 46 anos, em 2016, a autopsia mostrou que McNamara sofria de um problema de coração que não havia sido diagnosticado e que tomou nessa noite vários medicamentos, como Adderall, Fentanyl e Xanax. O livro termina com uma carta de McNamara para o assassino em série, onde prevê que este seja capturado.

Joseph James DeAngelo, de 72 anos, que foi demitido do Departamento de Polícia de Auburn, foi preso depois de uma amostra de DNA seu ter coincidido com o do chamado assassino.

“Sabíamos que estávamos a procurar uma agulha no palheiro, mas também sabíamos que a agulha estava lá”, disse Anne Marie Schubert. “Encontrámos a agulha no palheiro e estava bem aqui, em Sacramento”, afirmou a procuradora, acrescentando: “A resposta esteve sempre no DNA”.

Armado, o atacante mascarado dos anos 70 e 80 aterrorizou as comunidades, invadindo casas enquanto mulheres solteiras ou casais dormiam. Por vezes, amarrava o homem e empilhava pratos nas costas deste, violando depois a mulher, enquanto ameaçava matar os dois se os pratos caíssem. Muitas vezes levou recordações das casas, principalmente moedas e joias das suas vítimas, que tinham entre 13 e 41 anos.

DeAngelo foi demitido do Departamento de Polícia de Auburn em 1979, depois de ter sido preso por roubar uma lata de repelente de cães e um martelo de uma farmácia, de acordo com artigos da época publicados no Auburn Journal.

O FBI diz que tinha uma equipa a reunir provas numa casa da região de Sacramento ligada a DeAngelo.

Autoridades do FBI e da Califórnia retomaram em 2016 a sua busca pelo violador e anunciaram uma recompensa de 50 mil dólares caso este fosse preso e condenado. Ao assassino foram atribuídos mais de 175 crimes entre 1976 e 1986.

Como ele cometeu crimes em todo o estado, as autoridades identificavam-no por nomes diferentes: Foi apelidado de “violador da área este”, após o início destes crimes no norte da Califórnia; “violador da noite”, após uma série de assassinatos no sul da Califórnia; e também como “violador do nó de diamante”, por usar um elaborado método de ligação em duas das suas vítimas. Mais recentemente, foi apelidado de “assassino do estado dourado”.

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