O Reino Unido anunciou ontem a saída de Portugal da lista verde de viagens internacionais, justificando a medida com o aumento de infeções de covid-19 e por terem sido identificados em Portugal 68 casos do que chamou variante nepalesa, “com uma mutação adicional potencialmente prejudicial”, que poderá ser mais transmissível e resistente às vacinas.
Entrevistado na quinta-feira à noite na SIC-Notícias, o microbiologista e cientista do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) estranhou a decisão e o alarme do Reino Unido e disse que a mutação, cujos números anunciados por Londres não correspondem à realidade, naturalmente merece vigilância, mas que os casos em Portugal são poucos, estão concentrados e perfeitamente identificados em pequenas comunidades.
Em causa, explicou, está o que chamou de “sub-linhagem” da variante indiana, que é normal porque as variantes do vírus têm um processo de evolução, e frisou que se trata de uma variante indiana e não de “uma super variante indiana”.
O responsável disse ter sido com estranheza que recebeu a notícia da decisão do Reino Unido, porque a variante indiana em Portugal não atingiu sequer os 5% (está em 4,8%), e dentro desta estão os 12 casos da mutação, tendo no mundo sido reportados apenas 90 casos (da variante indiana com essa mutação).
Portanto, concluiu João Paulo Gomes, está a “fazer-se uma tempestade num copo de água” e o que diz o Reino Unido “não faz sentido”, como não é explicável o impacto económico que resulta de uma decisão assente em 12 casos.
O Governo britânico decidiu hoje que Portugal, incluindo os arquipélagos da Madeira e Açores, vai deixar a "lista verde” de viagens internacionais na terça-feira às 04:00, passando a integrar a "lista amarela".
Os países na “lista amarela” estão sujeitos a restrições mais apertadas, nomeadamente uma quarentena de 10 dias na chegada ao Reino Unido e dois testes PCR, no segundo e oitavo dia, como já acontece com a maioria dos países europeus, como Espanha, França e Grécia.
Portugal era até agora o único país da União Europeia (UE) na "lista verde”, que isenta os viajantes de quarentena no regresso a território britânico, em vigor desde 17 de maio. A lista de destinos seguros é assim reduzida a 11 países e territórios, mas a maioria é bastante longínqua ou não deixa entrar turistas, como Austrália, Nova Zelândia, Singapura, Brunei e Ilhas Malvinas, restando a Islândia como o destino mais acessível.
Segundo a comunicação social britânica, o Governo britânico não vai adicionar mais nenhum país à “lista verde”, nomeadamente Espanha, que eliminou os requisitos de entrada dos britânicos com esperança de estimular o setor do turismo.
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