À margem da V Cimeira Portugal-Cabo Verde, que hoje se realizou em Lisboa, Eduardo Cabrita foi questionado sobre a disponibilidade manifestada por Portugal para acolher alguns dos migrantes do navio que está há mais de uma semana ao largo de Malta.
“Esta é mais uma participação de Portugal numa solução ‘ad hoc’ relativamente a situações de embarcações no Mediterrâneo à deriva. Portugal mais uma vez participa no que temos designado por coligações da boa vontade, neste caso com Alemanha, França e Luxemburgo”, realçou o ministro.
Eduardo Cabrita recordou que, desde o verão passado, “a posição portuguesa tem sido a de participar em todas estas situações excecionais”.
“Isso tem marcado a nossa abordagem da questão migratória, mas dizendo sempre que esta não é a forma de resolver esta situação”, afirmou, acrescentando que Portugal considera ser necessária “uma solução permanente à escala europeia” em articulação com a Comissão Europeia.
Questionado quando poderão chegar estes novos migrantes a Portugal, o ministro da Administração Interna referiu que se repetirá o procedimento utilizado anteriormente.
“Há a deslocação de uma equipa do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) ao local, que participa com a Comissão Europeia e a Agência Europeia de Asilo na triagem das pessoas, normalmente demora entre duas semanas a um mês”, afirmou.
Num comunicado emitido hoje de manhã, o Ministério da Administração Interna (MAI) adiantava ter já transmitido esta sua intenção de acolher até dez migrantes ao Governo de Malta.
Esta não é a primeira vez que Portugal acolhe migrantes, tendo o mesmo sucedido com pessoas resgatadas pelos navios Lifeline, Aquarius I, Diciotti, Aquarius II, Sea Watch III e outras pequenas embarcações, num total de 106 pessoas, durante 2018 e já este ano.
O anúncio de que Portugal e outros três países da UE iriam acolher os migrantes a bordo do Alan Kurdi foi feito hoje por Malta que, para o efeito, autorizou o desembarque destas pessoas nos seus portos, mas transportados por navios malteses.
O barco, da organização humanitária alemã Sea-Eye, esteve vários dias retido no mar Mediterrâneo, sem porto onde atracar, depois de tanto a Itália como Malta terem recusado a entrada dos 64 migrantes – 50 homens, 12 mulheres e 2 crianças.
A justificar esta recusa as autoridades maltesas alegaram que a atividade dos navios humanitários na Líbia encoraja os traficantes de seres humanos.
Durante estes dias, a organização humanitária fez vários pedidos a Malta e a Itália para autorizarem o desembarque, até porque o barco se encontrava sem comida nem água, mas nenhum dos países deu autorização, tendo as autoridades italianas impedido até a aproximação à ilha de Lampedusa.
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