”As coisas estão a correr bem, as pessoas reagem bem. Aqui estão as associações comunitárias e a Cruz Vermelha a prestar-lhes o serviço. Todos já entraram em contacto com os familiares, exceto três que ainda estão internados”, afirmou o presidente do Conselho Local da Cruz Vermelha de Cabo Verde, Augusto Teixeira.
Desidratação e fome, após mais de um mês à deriva em mar alto, além de possíveis traumas psicológicos, foram as principais causas de debilidade dos resgatados.
Apesar de já estarem em contacto com as famílias nas comunidades de onde partiram, na costa norte do Senegal, os migrantes aguardam pelos procedimentos com vista ao respetivo repatriamento.
Entre os migrantes acolhidos em Cabo Verde está um natural da Guiné-Bissau.
“Estão num alojamento apropriado até estarem em bom estado de recuperação. Mas ainda não saem à rua para passear, por questões de segurança. Em relação à alimentação, não tem nenhuma queixa. Tudo está a correr bem e todos estão a recuperar bem”, apontou Augusto Teixeira.
Um grupo de 38 pessoas foram resgatadas de uma piroga à deriva, na segunda-feira, além de sete corpos, sendo que outros 56 ocupantes estão desaparecidos – segundo relatos dos sobreviventes, morreram à fome após um mês perdidos no mar e os corpos foram atirados à água.
Todos os 101 partiram da localidade de Fass Boye, 140 quilómetros a norte de Dacar, e a embarcação em que seguiam foi encontrada a cerca de 150 milhas (241 quilómetros) da ilha do Sal por um pesqueiro espanhol.
“Dos 45 migrantes, sete chegaram em estado de cadáver, sendo logo encaminhados para a morgue do hospital regional Ramiro Alves Figueira para possível efeito de identificação”, lê-se num relatório da Cruz Vermelha a que a Lusa teve acesso.
“Do total dos sobreviventes, 38, todos do sexo masculino, 37 de nacionalidade senegalesa e um da Guiné-Bissau, há a destacar quatro sobreviventes adolescentes de idades entre 12 a 16 anos”, acrescenta-se no documento.
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