Concentrados em frente ao gabinete do primeiro-ministro polaco, os agricultores, a que se juntaram o sindicato Solidariedade e caçadores, acenderam fogueiras e lançaram foguetes e bombas de fumo ao som ensurdecedor de sirenes e trombetas.
Também bloquearam com os seus tratores parte das autoestradas que conduzem à capital polaca e a todo o país.
Desde o início de fevereiro, têm também bloqueado as passagens fronteiriças com a Ucrânia, o que tem vindo a deteriorar as relações entre os dois países, numa altura em que a Polónia tem sido um dos maiores apoiantes de Kiev desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.
“Quero produzir alimentos saudáveis, mas eles importam produtos de menor qualidade do que os nossos e não podemos competir com eles em termos de preço”, disse Jan Kepa, proprietário de uma quinta no sudoeste da Polónia, à agência France-Presse (AFP).
“Ainda temos esperança, mas estamos a protestar há mais de um mês e até agora não há uma solução que nos satisfaça. Na verdade, não nos estão a oferecer nada”, acrescenta.
Tomasz Stachow, proprietário de uma quinta de dez hectares no sul da Polónia, quer “acima de tudo viver com dignidade”.
“E, neste momento, os preços estão abaixo do ponto de equilíbrio”, disse à AFP, qualificando de “absurdo” o Pacto Verde, um pacote de legislação ambiental destinado a descarbonizar a União Europeia e a preservar os seus ecossistemas.
“São regulamentos absurdos que os agricultores têm de cumprir, o que só vai agravar a situação e aumentar os custos de produção e os preços dos produtos”, acrescentou.
Para acalmar a situação no país, o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, não excluiu, na semana passada, o encerramento temporário da fronteira polaca ao comércio de mercadorias com a Ucrânia.
Tusk apelou também a Bruxelas para que introduza “sanções abrangentes” sobre os produtos agrícolas e alimentares russos e bielorrussos que não estão atualmente abrangidos pelo embargo europeu, um pedido apoiado por Kiev.
O chefe do Governo deverá encontrar-se com agricultores polacos no sábado.
Comentários