O protesto de sexta-feira, organizado por expatriados, reuniu cerca de 80 mil pessoas nas ruas da capital romena, que exigiam a demissão do Governo e eleições antecipadas, e originou confrontos com a polícia de choque quando os manifestantes tentavam passar uma barreira policial que os separava de instalações do Governo.

Mais de 450 pessoas, incluindo 30 polícias, ficaram feridas e precisaram de receber tratamento médico devido à inalação de gases pimenta e lacrimogéneo utilizados pelas forças policiais, enquanto outros sofreram hematomas.

Cerca de quatro milhões de romenos (um quinto da população total) emigraram nos últimos 15 anos, à procura de uma vida melhor. Em 2017, os emigrantes enviaram às suas famílias 4,3 mil milhões de euros, perto de 2,5% do produto interno bruto da Roménia, um dos países mais pobres da União Europeia, onde o salário médio é de 520 euros.

Os manifestantes exibiam hoje bandeiras da Roménia e da UE e gritavam: “Não tenham medo! Os romenos vão erguer-se!”.

Os emigrantes que organizaram a manifestação em Bucareste, alguns dos quais atravessaram a Europa de carro para estar presentes, afirmam estar descontentes pela forma como o país está a ser governado, nomeadamente no que diz respeito à luta contra a corrupção desde que o Partido Social Democrata chegou ao poder em 2016.

Bruxelas mantém o sistema judicial romeno debaixo de apertada vigilância.

A atual primeira-ministra da Roménia, Viorica Dancila, 54 anos, a primeira mulher a ocupar esse cargo, é o terceiro chefe de Governo num curto período.

Em reação à ação policial, o Presidente da Roménia, Klaus Iohannis, crítico do Governo, disse na sexta-feira que “condena firmemente a brutal intervenção da polícia de choque”, que classificou como desproporcionada num protesto que foi maioritariamente pacífico.

Responsáveis da polícia de intervenção já defenderam o uso da força no protesto de sexta-feira, informando que estavam a cumprir ordens das autoridades municipais de Bucareste para evacuar a zona onde decorria o protesto, em frente aos gabinetes do Governo.

Segundo as forças de segurança, “a violência do Estado legítima” foi justificada porque os manifestantes já tinham sido avisados várias vezes de que tinham de abandonar a praça.