“As duas partes concordaram plenamente com a declaração constitucional”, afirmou Mohamed El Hacen Lebatt, em declarações à imprensa esta madrugada.

Pouco depois do anúncio, uma multidão reuniu-se à porta da sala de negociações em Cartum, agitando bandeiras sudanesas e gritando “civis, civis”.

O acordo – que será assinado durante uma cerimónia – surgiu após retomadas, na quinta-feira, em Cartum, as negociações que tinham sido suspensas depois da morte de cinco estudantes, na segunda-feira, no centro do país.

Em 17 de julho, e após difíceis negociações, os generais no poder e os líderes do movimento opositor já tinham chegado a acordo sobre a criação de um Conselho Soberano composto por cinco militares e seis civis responsável por liderar o período de transição até à realização de eleições.

As questões pendentes diziam respeito aos poderes deste Conselho Soberano, ao destacamento de forças de segurança e à imunidade dos generais envolvidos na repressão dos protestos.

O Sudão tem assistido a um movimento de contestação desde dezembro de 2018, desencadeado pelo triplicar do preço do pão, mas que se transformou em contestação ao regime e levou à destituição, em abril, do Presidente Omar al-Bashir, após 30 anos no poder.

A contestação manteve-se para reclamar um governo civil e melhores condições de vida para as populações mesmo depois da constituição de um Conselho Militar.

Desde dezembro, a repressão da contestação causou 246 mortos, incluindo 127 manifestantes em 03 de junho num acampamento em Cartum, segundo um balanço do comité de médicos divulgado antes das manifestações em Obeid.

As autoridades apresentam balanços divergentes e com números de mortos e feridos bastante inferiores.