A decisão de continuar as investigações por mais um ano foi tomada numa reunião do Conselho Nacional do Ministério Público, presidido pela última vez pelo procurador-geral Rodrigo Janot, que termina o mandato em setembro.

Na semana passada, o MPF também decidiu que o orçamento atribuído à operação Lava Jato em 2018 será de 1,6 milhões de reais (430 mil euros), valor maior do que o orçamento de 522,6 mil reais (141,9 mil euros) que a operação dispõe para este ano.

A Lava Jato descobriu ilegalidades na administração da petrolífera estatal Petrobras operadas por partidos políticos e empresários, que sobrefaturavam contratos para depois dividir a diferença entre os membros da rede.

Em seguida, descobriu-se que essas mesmas práticas foram reproduzidas noutras empresas públicas no Brasil, com a participação dos mesmos atores, tanto no setor privado como na esfera política.

De acordo com declarações oficiais, em três anos e meio de operação Lava Jato foram condenados à prisão 157 pessoas investigadas, com penas que totalizam 1.563 anos de prisão.

Entre os condenados, embora por enquanto só na primeira instância, está o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva que recebeu uma pena de nove anos e meio de prisão.

Apesar de condenado, Lula da Silva ficará em liberdade até ser julgado por um tribunal superior, face ao recurso apresentado pelos seus advogados.

Investigações decorrentes da operação Lava Jato também tornaram possível que fossem revelados outros crimes, como os supostos subornos recebidos pelo atual Presidente do Brasil, Michel Temer, que foi denunciado pelo crime de corrupção passiva em junho.

A denúncia contra o chefe de Estado brasileiro será avaliada quarta-feira pela Câmara dos Deputados (câmara baixa parlamentar) e se um processo for autorizado, Michel Temer poderá ser suspenso por seis meses para responder a um julgamento no qual corre o risco de ser condenado e destituído.

Além de afetar a política brasileira, a operação Lava Jato revelou práticas de corrupção na Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Panamá, Peru, Venezuela, Angola e Moçambique, nestes casos ligados à empresa Odebrecht, uma das companhias mais envolvidas nos casos de corrupção descobertos pela operação Lava Jato.