“Na segunda-feira, a União Europeia aprovou o lançamento da nova missão de assistência para treinar militares ucranianos em solo europeu, na qual Portugal vai participar ativamente. No entanto, faremos questão de corresponder a esta contribuição com as nossas obrigações e expectativas em curso noutras áreas de interesse nacional, tais como África, o Atlântico ou o Mediterrâneo”, afirmou a governante.
Helena Carreiras falava na 4.ª edição do Seminário da Defesa Nacional, que teve início na quinta-feira e termina hoje, no Instituto de Defesa Nacional (IDN), em Lisboa, focado na revisão do Conceito Estratégico.
Numa intervenção em inglês, a ministra abordou a guerra na Ucrânia, lembrando o apoio que tem sido dado a este país — nomeadamente em material militar – mas ressalvou que esta resposta não pode ser apenas uma reação a eventos imediatos.
“Deve igualmente ter em conta uma visão mais abrangente do impacto que este conflito carrega para a nossa existência como parte de uma comunidade com valores e princípios partilhados”, salientou.
Helena Carreiras acrescentou que a resposta aos desenvolvimentos no Leste da Europa “não se pode restringir às consequências da guerra por si só”.
“Estamos cientes da dimensão de novas ameaças que podem surgir de cenários em rápida mudança, como os que emanam do domínio cibernético, da competição geopolítica no espaço, da necessidade de proteger infraestruturas críticas ou das amplas consequências das alterações climáticas. Devemos permanecer vigilantes em todos os aspetos e estar prontos para incorporar totalmente estas questões e suas diferentes implicações no nosso respetivo planeamento”, defendeu.
A ministra referiu que atualmente o Conceito Estratégico de Defesa Nacional está a ser revisto por um conselho presidido pelo antigo ministro Nuno Severiano Teixeira, num total de 21 membros e que terá de apresentar conclusões até janeiro do próximo ano.
Paralelamente, referiu, o Instituto de Defesa Nacional (IDN) tem organizado um ciclo temático de eventos sobre o tema e, no seminário que termina hoje, o programa inclui debates nos quais se comparam conceitos estratégicos de outros países, como Reino Unido, Países Baixos, Dinamarca, Espanha e Alemanha.
Para Helena Carreiras é relevante ver de que forma outros países conseguiram incorporar nos seus conceitos “dinâmicas envolventes sem perder o foco em prioridades nacionais”.
“O contexto em que vivemos requer mudanças significativas nas nossas estratégias e políticas, nos nossos investimentos e capacidades, e na nossa compreensão do novo ambiente estratégico”, rematou.
Proposta em agosto passado pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, a pedido das forças ucranianas, a missão de treino da UE tem como objetivo treinar, em solo europeu — designadamente na Alemanha e na Polónia –, cerca de 15 mil militares ucranianos.
Esta missão – na qual Portugal vai participar “com até 20 militares” – terá um mandato inicial de dois anos e um orçamento de mais de 100 milhões de euros.
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